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Cotidiano

Crônica: Içara, prevenir ou medicar?

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Quando tentamos resumir as falhas de nosso Sistema Único de Saúde (SUS), há sempre o risco de simplificar em demasia. Como a maioria da população usa esse sistema, é difícil resumir os principais pontos negativos, pois são muitos acontecimentos e diversos tipos de reclamações que denunciam as deficiências da saúde pública no Brasil, ainda nos dias de hoje. Que tal chamarmos isso de falta de estrutura?

Sempre quando pensamos em hospitais públicos, nos vem à mente um lugar cinzento, leitos esgotados e até mesmo lembranças de sensação e sentimentos de quem já precisou passar por alguns deles. Infelizmente o problema de saúde pública vem se agravando. Vejamos o exemplo de um estudo realizado no Estado de Pernambuco com 414 crianças. A pesquisa mostrou que 30% delas tinham colesterol alto. Então, pensamos como uma situação de altos índices de colesterol em crianças chega a uma estimativa tão elevada sem que ninguém se dê conta?

A resposta parece simples: não há uma prevenção. Os órgãos de saúde que atendem à população menos favorecida não investem em prevenção às doenças e, muitas vezes, doenças simples que poderiam ser evitadas; mas, se não tratadas, obviamente que se agravam. Ao ler a matéria acerca de Pernambuco, resolvemos investigar como a mesma situação é tratada aqui em Içara.

Descobrimos, então, que nosso município possui um certo controle em relação à alimentação das crianças. Nas escolas municipais o lanche servido é programado por nutricionistas, sendo que as antigas cantinas, que vendiam refrigerantes e frituras de toda sorte, são proibidas. Aqui encontramos um ponto altamente positivo que consegue prevenir doenças e criar hábitos alimentares saudáveis desde a primeira infância.

No entanto, nossa investigação não parou por aí. Ao entrevistarmos algumas pessoas aqui de Içara, acerca do atendimento no Hospital São Donato, percebemos que a falta de estrutura e as deficiências no atendimento aos doentes voltam ao topo de tudo que escutamos durante nosso dia de pesquisa. Temos, por exemplo, o relato de um senhor, C. G., de 58 anos, que declarou: "Falta mais atenção às pessoas que procuram atendimento no hospital São Donato. Os médicos não nos atendem. Há falta de estrutura". Como este, ouvimos outras tantas e semelhantes declarações de içarenses insatisfeitos com o atendimento (ou a falta dele) no único hospital do município.

Em contrapartida, o Secretário da Saúde de Içara, Dr. Lauro Nogueira nos afirmou, em entrevista, que durante muitos anos a população reclamou que havia uma demora muito grande no atendimento hospitalar do São Donato. Disse que a secretaria colocou dois médicos de plantão nas horas de pico. “Nós somos o único município de 50 mil habitantes que tem dois médicos para atendimentos. Essa foi a melhor benfeitoria que podíamos dar ao município", declarou o secretário.

Tudo isso nos leva a refletir: se o sistema público de saúde não consegue oferecer hospitais e médicos à população para combater as doenças, então, pelo menos, que se preocupe mais com a prevenção. Ainda nos falta planos sociais de prevenção a doenças, bem como campanhas comunitárias de orientação, esclarecimentos e vacinação. Afinal, é melhor prevenir que remediar (no caso em questão: medicar).

Às vezes, precisamos passar por situações de necessidade para vermos in loco como realmente estão nossos hospitais. Após um dia de pesquisa acerca da saúde pública em Içara, ficamos com aquele sentimento de que nem tudo está perdido. E, embora sejamos apenas jovens estudantes, deixamos uma mensagem às autoridades responsáveis: problemas há de sobra na saúde, o que faltam são soluções e estas não vêm com discursos, mas com atitudes.

*Este artigo foi produzido para a Olimpíada da Língua Portuguesa sob orientação da professora Luciana de Cássia Geremias na Escola Professora Salete Scotti dos Santos.