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Cotidiano

“Me vi sem vontade de fazer nada”

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Juliana [codinome] sempre levou uma vida normal como qualquer outra mulher. Saía com amigos, estava sempre bem arrumada, gostava de se produzir e não recusava um convite para se divertir. Até que um dia ela começou a perder o desejo de fazer as coisas. A vontade era de ficar em casa sempre trancada e ver poucas pessoas. Daí para o quadro depressivo foi um pulo.

“Há uns cinco anos o telhado da minha casa caiu. Ela é de dois andares e como morávamos embaixo, nada de grave aconteceu. Mas, há cerca de dois anos eu comecei a ficar com medo do vento. Qualquer um que desse eu me trancafiava em casa, corria para o porão, fechava os olhos e os ouvidos e não conseguia falar com ninguém. Era apavorante, um medo que eu não consigo explicar”, relata.

Por conta disso, diversos reflexos negativos foram surgindo em seu convívio social e familiar. Juliana tem 30 anos, é casada e mãe de duas filhas: uma menina de 14 anos e outra de três. A depressão chegou ao ponto dela recursar a própria família. “Marido e filhos para mim não importavam. Eu trabalhei a vinda inteira, e de repente me vi sem vontade de fazer nada”, comenta.

“A depressão é uma condição neurológica de alteração de substâncias, que são os neurotransmissores. A explicação correta é meio técnica, mas é cerebral, é química do cérebro. E com algumas variáveis que interferem a nossa vida, variáveis sociais, do nosso jeito de viver, trabalho, crise econômica entre outras coisas, acabamos tendo emoções que tornam esse movimento cerebral diferente. Numa condição que provoca a depressão”, explica o psicólogo e coordenador de Saúde Mental de Içara, Sergio Leonardo Gobbi.

Só no Brasil, cerca de 8% a 11% da população sofre de depressão. “E Içara não foge a regra. Nós temos 4,3 mil pacientes cadastrados no Ambulatório. E mais todos aqueles que pegam medicamento nas unidades de saúde e 160 que são cadastrados no Centro de Atenção Psicossocial”, relata. De acordo com Gobbi, a depressão é uma doença que não escolhe situação financeira, cor ou credo. Como exemplo vale citar Robbin Williams, Fausto Fanti do grupo Hermes e Renato e o cantor Champigion, da banda Charlie Brown Jr.

“Aqui no Ambulatório de Saúde Mental trabalhamos com uma equipe multiprofissional. Temos médicos, psiquiatras e psicólogos. O atendimento é geralmente feito em conjunto. Os pacientes eles vêm encaminhados pelas Unidades de Saúde ou algum outro profissional, por um quadro de depressão ou com algum outro transtorno de comportamento. Eles vêm com a hipótese de diagnóstico e aqui é feita uma nova avaliação”, especifica o psiquiatra Rafael Maderia.

“O tempo de tratamento varia de acordo com cada paciente. Não é possível precisar. E com a doença em avanço, é muito comum a pessoa ficar debilitada, confusa e precisar ser medicada. Por isso é bom que venha um familiar para saber o tratamento que precisa ser feito, o remédio que precisa tomar, porque a pessoa pode até perder a receita ou não lembrar do que foi falado”, sintetiza. “É importante também não interromper o tratamento quando achar que já está bom, somente com orientação do profissional que está acompanhando o tratamento”, acrescenta.