A perspectiva de Alcino Budny é colher 15 mil toneladas de morango na atual safra. A colheita iniciada neste mês seguirá até o início do próximo ano com o diferencial da ausência de defensores químicos. A cada temporada, o produtor estima perder até 20% da lavoura para pragas e doenças. Mesmo assim, garante a eficácia da produção natural.
“Hoje, todos os insumos que eu uso são certificados. Com essa mudança radical, eu garanto a minha saúde e a de quem vai consumir”, ressalta. “O agricultor sofre muito tendo o contato e manuseio diário com esses tipos de produtos químicos. Mesmo com essa perda, o que sobra acaba cobrindo todo o custo de produção ou não teria porque continuar”, considera.
O morango é um dos produtos rurais com maior valor de investimento. São até R$ 50 mil por hectare. Na mesma área com o milho, por exemplo, seriam aproximadamente R$ 3 mil. “As mudas são importadas da Argentina, então só com elas são gastos R$ 30 mil. Depois tem ainda toda a parte da estrutura, a cobertura com lona, sistema de irrigação”, elenca.
“É uma cultura muito sensível, quem trabalha com ela precisa ser muito bem capacitado”, afirma o engenheiro agrônomo da Epagri de Içara, Luiz Fernando Búrigo Coan. “A tendência da região não é o aumento no número de produtores, mas sim o aumento da lavoura de quem já produz”, considera. “É um investimento bastante alto, uma produção de muito risco”, pontua.
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