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Economia

Severino, de empregado a empregador

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A história de Severino Antônio da Silva com carteira assinada começou logo no início da década de 80. “Comecei com 17 anos. E passei por um tempo em que tudo era braçal. O serviço era bem diferente de hoje. Às vezes eu me pego pensando como a tecnologia facilita as coisas. Antes descarregávamos caminhões e caminhões tudo no braço. Era um serviço pesado, que exigia bastante da gente. Mas em momento algum isso me intimidou ou me fez ter vontade de não trabalhar. Até porque, na empresa, eu tive bastante oportunidade e a medida que fui conquistando espaço, isso me animava para querer mais”, relata. Por 27 anos ele trabalhou como funcionário de um supermercado. Começou como empacotador e, com o passar do tempo, conquistou novos espaços.

Depois de já ter constituído uma família, Severino passou a sentir falta de algo. O trabalho continuava lhe dando orgulho, mas a vontade de ter um negócio próprio foi surgindo aos poucos. “Eu então fui falar com os meus superiores e eles disseram que não, que eu estava estressado, cansado e que deveria pegar um mês de férias. Assim eu fiz, mas quando voltei, mantive a ideia do que queria sair. E queria sair de cabeça erguida. Nada de ficar chegando atrasado ou fazendo coisas erradas para ser colocado na rua. Fui e falei qual era a minha intenção”, comenta.

Severino estudou por um ano qual seria a melhor opção para colocar a ideia de se tornar empresário em prática. A essa altura, ele já sabia que queria ser dono de uma padaria. Mas ainda não sabia se comprava uma pronta ou se começava do zero. “Quando eu trabalhava no supermercado, sempre comentava com o dono da padaria que hoje é minha, que se um dia ele quisesse vender eu comprava. Em 2009 ele me fez a proposta e eu aceitei. Eu dei uma parte e o restante eu fiz para pagar em dez meses”, ressalta.

Apesar da convicção de que era a hora de tornar-se empreendedor, Severino diz que no início não foi uma tarefa fácil. Além de ter que aprender a tomar conta de tudo sozinho, ele tinha que ter consciência de que por algum tempo, todo o dinheiro que entrava deveria ser revertido única e exclusivamente para melhorias na padaria. “Eu peguei isso aqui muito diferente de como eu queria que ficasse, e ainda não está. E no começo foi muito difícil, porque para ajeitar tudo, definir o quadro de funcionários e tudo mais, foi complicado. Queria que ficasse tudo redondinho, porque minha intenção não era colocar apenas mais uma padaria, mas ter um diferencial”, afirma.

Além disso, Severino também sempre se preocupou em separar a parte financeira. Segundo ele, o segredo é nunca misturar o dinheiro da empresa, do dinheiro pessoal. “O dinheiro que movimenta a padaria, que eu invisto na padaria, é dinheiro da padaria. Eu pego uma parte pra mim, mas eu anoto tudo. Se eu pego R$10, R$50, seja lá quanto for, é anotado. Para eu saber para onde foi e o que aconteceu. E até hoje é assim”, pontua. “Eu também estou sempre aqui, sou eu quem faço contato com fornecedores e resolvo tudo. Não tenho medo de trabalhar”, acrescenta.

“A experiência que eu tive nesses anos como empregado foi surpreendente. Eu aprendi muita coisa e nunca me arrependo. Até hoje mantenho amizades com que eu trabalhava. Não é fácil, as pessoas não podem achar que é simplesmente ter vontade de abrir alguma coisa e monta. Tem que ter muita dedicação. Hoje eu sou empregado e empregador. Estou aqui todos os dias, no domingo asso frangos e faço questão de ter contato direto com os clientes. Há quatro anos eu chego aqui todos os dias as 4h da manhã, faço café para as meninas antes delas chegarem. Mas eu amo o que faço”, garante.

Os projetos futuros também existem. Para o mês que vem, Severino apresentará uma padaria toda repaginada aos clientes. Ele irá fazer uma reforma, trocar todos os móveis e melhorar o espaço. “Já tenho um projeto pronto para mudar toda a padaria. Até o dia 10 do mês que vem ela será toda reformada”, comemora. E para os novos empreendedores, uma dica. “Tem que ter os pés no chão. Não adianta querer se aventurar, tem que ser muito organizado, estar perto da empresa, acompanhar tudo. É preciso se envolver para que as coisas deem certo”, completa.