O novo clínico geral da unidade de saúde do bairro Demboski, em Içara, iniciou o atendimento nesta semana. A responsabilidade agora está com Ederson Tavares. Ele é oriundo do programa Mais Médicos, desenvolvido pelo Governo Federal, que se caracterizou por destinar aos municípios especialistas em saúde da família vindos de Cuba. Mas no caso deste profissional, trata-se de um brasileiro, aliás, natural de Urussanga, que se formou no exterior, na Argentina.
“Assim que surgiu a oportunidade para que eu pudesse voltar para o Brasil e trabalhar através do Mais Médicos, ficar mais próximo da minha família, não pensei duas vezes. Eu vim e dei a sorte, ainda, de trabalhar na unidade de saúde do Demboski, que é uma comunidade muito próxima de onde mora a minha família, em Criciúma. Fiquei muito satisfeito”, aponta o profissional. Antes de chegar ao Brasil, para trabalhar no sistema público, ele atuou durante oito meses na Argentina, após a a graduação.
“Os sistemas de saúde dos dois países são bem parecidos”, compara. No país vizinho, trabalhava em hospital público e com atenção pediátrica. Hoje o profissional tem 40 anos e conseguiu se formar em medicina no ano passado, após seis anos de graduação no país vizinho. Porém, até chegar a esse ponto, ele conta que enfrentou uma grande batalha. Tavares chegou a iniciar a graduação no Brasil, na Unisul de Tubarão, quando tinha 20 anos, entretanto, quando encerrou a segunda fase, não conseguiu manter os estudos.
“Aos 17 anos, ingressei na faculdade de Engenharia Química. Mas, na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), tendo contato com amigos que estudavam medicina, então eu vi que o meu desejo era relacionado com a medicina. Porém, no meio tempo em que deixei a Unisul e até esta ida à Argentina, tentei ainda as graduações de Matemática e de Pedagogia, mas via que não era aquilo que eu queria”, relata. A ida para a Argentina foi exatamente movida pelo desejo de conseguir a formação.
“A comunidade do Demboski está sendo bastante receptiva. O pessoal realmente está me acolhendo bem e eu quero dar o melhor de mim para esta comunidade. Além disso, nesses dias que estou aqui, já deu para perceber que a equipe do posto de saúde é excepcional. Então estou gostando muito”, garante. Tavares é o primeiro membro de sua família com a graduação em Medicina. E, mesmo não tendo alguém que o impulsionasse para a profissão, ele comenta que se trata de uma questão de vocação.
“Nós médicos trabalhamos com questões sensíveis às pessoas, porque elas nos procuram no momento mais delicado de suas vidas. É uma excelente oportunidade de ajudar às pessoas e isso me motivou a ingressar na medicina”, justifica. Para o profissional o sistema brasileiro é um dos melhores do mundo. “As pessoas não sabem o valor do SUS. O sistema funciona muito bem. Eu não tinha ideia de como funcionava até conhecer a fundo os números, e é realmente impressionante. Claro que pode melhorar, mas sou um defensor do SUS”, assume.
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