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Economia

Andreia Limas: combustíveis e energia pesam no bolso do consumidor

Gasolina acumula alta de 31,09% no ano, o etanol de 40,75% e o diesel de 28,02%, enquanto contas de luz são oneradas pela crise hídrica

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A vida do consumidor não está nada fácil no Brasil. Com a disparada dos preços dos combustíveis e da energia elétrica, há um efeito cascata que se estende por outros itens, de primeira necessidade. Já impactados pelo aquecimento no mercado externo, que diminui a oferta no mercado interno, elevando os preços, os alimentos também encarecem devido à elevação dos custos na cadeia produtiva e de distribuição.

O reflexo disso, claro, vai para a inflação, que teve alta de 0,87% em agosto, a maior para o mês desde o ano 2000. Com isso, o indicador acumula altas de 5,67% no ano e de 9,68% nos últimos 12 meses, acima do registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (8,99%). Em agosto do ano passado, a variação mensal foi de 0,24%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE.

Combustíveis

Conforme o IBGE, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados subiram em agosto, com destaque para os transportes, que teve a maior alta de preços. Puxado pelos combustíveis, o grupo registrou a maior variação (1,46%) e o maior impacto (0,31 ponto percentual) no índice geral. A gasolina subiu 2,80% e teve o maior impacto individual (0,17%). Etanol (4,50%), gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%) também ficaram mais caros no mês.

“O preço da gasolina é influenciado pelos reajustes aplicados nas refinarias de acordo com a política de preços da Petrobras. O dólar, os preços no mercado internacional e o encarecimento dos biocombustíveis são fatores que influenciam os custos, o que acaba sendo repassado ao consumidor final. No ano, a gasolina acumula alta de 31,09%, o etanol de 40,75% e o diesel de 28,02%”, expõe o analista da pesquisa, André Filipe Guedes Almeida.

Greve

Vale lembrar que a greve dos caminhoneiros em 2018 foi motivada principalmente pela alta dos combustíveis, sobretudo, do óleo diesel, que onera o setor. Não vou aqui discutir o aspecto político da última mobilização, deflagrada em 7 de setembro, mas entendo que o protesto teria um apelo muito maior – e mais adesão – se o foco do movimento estivesse na manifestação contra os reajustes constantes dos combustíveis, percebidos nos últimos meses.

Alimentação

A segunda maior contribuição para o aumento da inflação (0,29 ponto percentual) veio de alimentação e bebidas (1,39%), que acelerou em relação a julho (0,60%). A alimentação no domicílio passou de 0,78% para 1,63% em agosto, principalmente por conta das altas da batata-inglesa (19,91%), do café moído (7,51%), do frango em pedaços (4,47%), das frutas (3,90%) e das carnes (0,63%). No lado das quedas, destacam-se a cebola (-3,71%) e o arroz (-2,09%). Os preços do gás encanado (2,70%) e do gás de botijão (2,40%) também subiram.

Energia elétrica

Em habitação (0,68%), o resultado foi influenciado pela energia elétrica, que desacelerou em relação ao mês anterior (7,88%), mas ainda ficou 1,10% mais cara. No mês, vigorou a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 9,492 a cada 100 quilowatts/hora consumidos.

Já a partir de setembro, vigora uma nova bandeira tarifária na conta de luz, chamada de bandeira de escassez hídrica, com taxa extra de R$ 14,20 para cada 100 quilowatts/hora consumidos. O novo patamar criado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) representa um aumento de R$ 4,71, cerca de 50%, em relação à bandeira vermelha patamar 2, até então o maior patamar.

Crise hídrica

Segundo a Aneel, a decisão foi tomada em meio à crise hidrológica que afeta o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, principal fonte geradora de energia elétrica no país. Com as hidrelétricas operando no limite, é preciso aumentar a geração de energia elétrica por meio de usinas termoelétricas, que têm custo mais alto.

A agência reguladora alega que o déficit na conta de bandeiras tarifárias está em R$ 5,2 bilhões. Além disso, o Brasil precisará importar energia de países vizinhos, ao custo de R$ 8,6 bilhões. Daí a necessidade do aumento.

INPC

Base de cálculo para os reajustes salariais, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,88% em agosto, 0,14 ponto percentual abaixo do resultado de julho (1,02%). No ano, o indicador acumula elevação de 5,94% e, em 12 meses, de 10,42%, acima dos 9,85% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em agosto de 2020, a taxa foi de 0,36%.

Os produtos alimentícios subiram 1,29% em agosto, ficando acima, portanto, do resultado de julho (0,66%). Já os não alimentícios tiveram alta de 0,75%, enquanto em julho haviam registrado 1,13%. O INPC mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos.