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Economia

Na crise, não se pode perder o foco

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Sim, ainda estamos falando de coronavírus e seus impactos na saúde, na economia e também na política, pois a pandemia no Brasil, antes dividida entre as duas primeiras, cada vez mais ganha uma conotação política.

O que temos visto até agora é uma divisão entre os esforços dos técnicos em administrar o avanço da doença no país, sugerindo para isso medidas como a quarentena (saúde); a classe empresarial pressionando para a retomada das atividades, sob o risco de queda massiva de produção, quebradeira, recessão e perda de empregos (economia); e políticos brigando para ver quem ganha mais notoriedade e possa contabilizar em votos futuramente (política).

Mas na crise, manter o foco no problema é ainda mais imprescindível. Quanto mais tarde entendermos que é preciso parar de perder tempo com as discussões e pensar em alternativas para minimizar os impactos, pior será para todos os setores.

Quarentena
Alguns governadores e prefeitos definiram por parar as atividades, mantendo em funcionamento apenas os setores considerados essenciais, como os de alimentação, saúde, segurança, abastecimento de combustíveis e serviços de água, energia, saneamento básico e comunicações. A intenção é promover o distanciamento social e, com isso, reduzir o risco de contágio por Covid-19. O pensamento é simples: diminuindo a circulação de pessoas, a tendência é desacelerar o número de infectados, possibilitando o atendimento sem a sobrecarga do sistema de saúde.

Alternativas
Então, se a opção for essa, quais são as alternativas para impedir que as empresas paradas mantenham a saúde financeira? Quais medidas podem garantir os empregos e a renda de quem não está trabalhando? Como amparar os microempreendedores individuais, autônomos, micro e pequenos empresários? Como assegurar o poder de compra durante e após a crise? O foco deveria estar em buscar soluções que mantenham a economia girando, mesmo que em menor escala, já planejando o pós-crise. Isso e apurar se a estratégia realmente se mostra eficaz e o sistema de saúde consegue absorver a demanda.

Volta ao trabalho
Por outro lado, o Governo Federal, na figura do presidente Jair Bolsonaro, instiga os brasileiros a retomar suas atividades, voltar ao trabalho e concentrar-se no isolamento dos idosos, que integram o grupo de risco ao lado de pessoas com imunidade comprometida e doenças crônicas. Seguindo por esse caminho, o foco precisaria estar em fortalecer o sistema de saúde e buscar alternativas para os diretamente afetados pela pandemia, com os Ministérios da Saúde e da Economia falando a mesma língua, algo que não está ocorrendo no momento.

Questões a considerar
Nesse caso, há várias questões a considerar. Como evitar o avanço da doença? Como prover o sistema público de saúde com os recursos (humanos e financeiros) para tratar dos pacientes que precisem de internação e/ou leitos de UTI? Como garantir que os trabalhadores da área da saúde possam também se proteger da doença, contando com a quantidade necessária de EPIs, por exemplo? Como assegurar o fornecimento dos medicamentos necessários? No caso dos idosos, haverá algum programa de apoio psicológico, médico ou financeiro? Como poderão ter garantia de renda mínima as pessoas acima de 60 anos que ainda estão no mercado de trabalho, seja no mercado formal ou na informalidade, empregados ou autônomos, microempreendedores individuais, micro e pequenos empresários? Como poderão ter garantia de renda mínima as pessoas contaminadas com o coronavírus e que não puderem trabalhar? Como os ministérios podem atuar de maneira integrada?

Briga política
O que não pode ocorrer é transformar a crise gerada pelo coronavírus em uma briga política, como temos visto nos últimos dias na queda de braço entre o presidente da República e os governadores, sobretudo o de São Paulo, João Doria. Os dois vêm trocando farpas pela imprensa e através das redes sociais, sobretudo, em relação à paralisação das atividades. Nesses canais, as opiniões se dividem entre defensores ferozes do presidente da República e seus opositores. Fato é que essas discussões em nada ajudam a acabar com o problema, sem contar o efeito negativo sobre os brasileiros, já bastante confusos com a pandemia e inseguros sobre seu futuro financeiro.

Carlos Moisés
O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva, surpreendeu os catarinenses ao decretar a quarentena, reforçando a recomendação para permanecer em casa. No entanto, logo após anunciar sua prorrogação, o governo lançou um plano estratégico para a retomada das atividades já a partir desta semana. Dois dias depois, em entrevista coletiva, Moisés afirmou que poderia voltar atrás e estender a quarentena, caso os recursos para a saúde requisitados junto ao Governo Federal não chegassem ao Estado. No domingo, após conversar com prefeitos catarinenses e ouvir representantes de outros órgãos, manteve a quarentena até 8 de abril, liberando apenas os serviços bancários, de lotéricas e cooperativas de crédito. Essa indecisão também não ajuda.

Às cegas
A verdade é que ninguém sabe como lidar com a crise criada pela pandemia, nem tem garantias de que as medidas adotadas até o momento surtirão o efeito desejado, pois esta é uma situação totalmente atípica, na qual avançamos às cegas. Não há receita pronta, mas podemos aprender com os países onde o problema apareceu primeiro, para não repetir erros cometidos lá. Além disso, precisamos de conscientização e união, pois se cada um pender para um lado, a luta será ainda mais difícil.