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Cotidiano | 24/09/2011 | 12:42

Além da lenda, a noiva trocada

Derlei Catarina De Luca - derlei.deluca@canalicara.com

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Corria o ano de 1901 ou 1902 não se sabe ao certo. Só sabemos que foi no início do século XX. O casal tinha duas filhas gêmeas, tão parecidas, mas tão parecidas que os de fora não sabiam distinguir uma da outra. Ambas com 15 anos, loiras, cabelos compridos ondulados e olhos azuis. Elas haviam nascido na colônia, mas haviam chegado mais famílias de imigrantes e entre solteiros e viúvos havia alguma chance de casamento.

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Todo homem de juízo casava-se; a família era necessária, cada qual tinha sua tarefa preestabelecida. Não tinha supermercado nem havia roupa feita para comprar. Não existiam lavanderias, não havia restaurante nem danceteria. O casamento era uma instituição prática e necessária.

Uma das gêmeas vai morar na casa de uma família para ajudar a cuidar das crianças que nasciam todos os anos. Neste meio tempo, um patrício recém-chegado vai à casa da família em questão acertar seu casamento com a moça tão bonita da qual ouvira falar. O tio se agradou do patrício, parecia um homem respeitador, contratou o casamento, chamou a filha e apresentou o futuro noivo. Fica acertado que o casamento vai se realizar assim que o padre chegar.

O noivo construiu sua casa, os amigos ajudaram a fazer os móveis a facão. A noiva tirou pena dos gansos tratando de fazer travesseiros, costurou lençóis e fez um bom acolchoado de pena de galinha para o inverno. O padre chegou e marcou o sábado para fazer todos os casamentos. O pai foi buscar a gêmea que estava cuidando de crianças noutra casa para ajudar a matar as galinhas, cozinhar os bolos e fazer a polenta para o casório da irmã.

O pai desconfiou e a mãe confirmou que a filha voltou grávida. Como e quem não vem ao caso no momento. O problema era o que fazer com uma filha solteira, grávida, tendo festa, no início do século XX, com baile e convidados para dali a poucos dias. No sábado pela manhã o pai decidiu. Quem foi arrumada, penteada, colocada dentro do vestido de noiva e subiu ao altar foi a gêmea grávida.

O noivo? O noivo vira a noiva duas vezes apenas, em trajes de trabalho. Casar com uma ou com outra não fazia muita diferença. Que reação teve ao saber que casara com a moça trocada, não sabemos. Sabemos que era o genro predileto, o casamento foi muito bem sucedido, a menina sabia cuidar da casa e do marido e tiveram uma penca de filhos.