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Cotidiano | 28/05/2011 | 10:17

Almas penadas na Corda Bamba

Derlei Catarina De Luca - derlei.deluca@canalicara.com

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Primeira estrada de ligação entre Içara e Criciúma. Isto no tempo em que os rapazes andavam a cavalo, as moças esperando o príncipe encantado e não havia eletricidade. A trabalho ou por diversão, era o caminho obrigatório, antes da ferrovia, estrada do Demboski e antes da SC-444.

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Aos sábados, os rapazes se reuniam em dois ou três. Preparavam os cavalos e saiam em busca dos bailes e novenas pelas redondezas. A estrada da Corda Bamba era estreita, escura e com a vegetação cerrada. Era onde alguns diziam que à noite ouviam gemidos.

Outros falavam em almas que suspiravam. Os rapazes tinham certo receio e preferiam não passar por ali sozinhos. Os cavalos empinavam o pescoço, corriam, jogavam os cavaleiros para fora da sela e mais de um rapaz se machucou por isso. Era sempre no mesmo lugar, perto de um pequeno riacho.

As mães comentavam o estranho comportamento dos cavalos e algumas até acenderam velas para as almas do purgatório. Quem sabe não era alguém precisando de oração? O inspetor de quarteirão, depois de muito falatório, tentou pesquisar o que estava acontecendo. Pesquisou, pesquisou pelos arredores e só o que achou foram alguns galhos quebrados: “Ora, ora, nunca soube que alma penada quebrasse árvore”.

Pesquisou mais um pouco e encontrou pedaços de fio de arame. Decidiu que na noite de sábado daria plantão na estrada onde as almas costumavam se manifestar. No sábado, antes do anoitecer, dirigiu-se ao local. Meia hora depois chegaram dois rapazes conhecidos. Estenderam o arame. Cada um se posicionou de um lado da estrada, amarram o arame em árvores e ficaram esperando. Quando os rapazes festeiros se aproximaram, eles começaram então a gemer e puxaram o arame.

Na escuridão, não se enxergava o arame. Mas os cavalos relinchavam, se sacudiam, pulavam, sentiam o arame bater nas suas pernas. E, do meio do mato ouviu-se vozes cavernosas e apavorantes. A autoridade, então se manifestou, deu um tiro para o alto e os cavalos desandam a correr. Os aprontadores também. Eram dois rapazes do tipo “das melhores” famílias da vila. O delegado chamou os pais e os jovens não foram presos em troca da promessa de nunca mais bancar alma penada para assustar os viventes.