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Cotidiano

Dedicação e amor para salvar cães

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Viver sozinho, sem amigos, sem família. Andar pelas ruas sem destino. E pelo caminho encontrar pessoas que jogam pedras. Xingando e julgando sem nem ao menos dar uma chance para conhecê-lo. Passando fome, procurando pelas lixeiras algo para comer, correndo o risco de engolir veneno, escondido com o intuito de matá-lo. Sofrendo sem saber o que fez. Sendo chutado sem saber o porquê. Lutando para sobreviver sem apoio ou ajuda.

Assim era a vida de Choquito, um cãozinho de tamanho mediano, com pelos de cor cinza. Ele vivia pelas ruas do Balneário Rincão. Sem lar, mas com muitas pulgas, carrapatos e muito magro, o bichinho não tinha chances de ainda estar vivo. Graças à interferência da ONG Cão do Rincão, que trabalha recolhendo cachorros abandonados pelas ruas do balneário e encaminhando-os para um lar, ele ainda vive e pode a qualquer momento ser adotado.

Choquito não é o único que recebe ajuda. De acordo com a fundadora, Fabíola Lino, a ONG iniciou os trabalhos há dois meses e neste período cerca de 100 cachorros já foram assistidos. Destes, pelo menos 50 já foram adotados. “Promovemos uma Feira de Adoção no último dia 19 de janeiro onde 29 cachorros foram adotados. Pessoas também nos procuram para adotar. Em toda a adoção é feito um Termo de Adoção, no qual a pessoa se compromete em cuidar do animal e postar fotos dele mensalmente no Facebook. A família tem ainda o prazo de 15 dias para se adaptar ao cachorro”, conta Fabíola.

A iniciativa da ONG surgiu por uma recomendação médica. “Fui me consultar por que estava à beira de uma depressão. O médico me receitou fazer algum trabalho voluntário em que me envolvesse diariamente. Sempre tive vontade de resgatar esses cachorros que ficam abandonados. Então na hora resolvi fundar essa ONG e ajudá-los”, relembra.

Atualmente a ONG conta com o apoio de voluntários. Segundo Fabíola, diretamente são seis, mas indiretamente são vários. “Muitas pessoas ajudam com ração. Comerciantes colocam uma caixinha de doação da ONG em seus estabelecimentos”, conta. Para iniciar os trabalhos, a fundadora contou com o apoio de instituições experientes no ramo: As ONGs S.O.S Vira-lata e Amigo Bicho. “Estamos todos em busca do mesmo objetivo: Encontrar um lar para os cãezinhos”, enfatiza.

Para uma das voluntárias, Alessandra Goldinho, poder ajudar esses bichinhos é gratificante. Ela tem dois cães em sua casa. Mas não são os primeiros, dos quais ela guarda lembranças e gratidão. “Tive outros dois cachorros que salvaram a vida de dois filhos meus. Na primeira vez foi quando meu o meu filho mais velho, que na época tinha cinco anos, saiu para brincar. Morávamos perto de um rio, onde ele acabou escorregando e caindo. O cãozinho o puxou até a beira. Salvou a vida dele. No outro caso trabalhávamos em uma estufa. Vi a nossa cachorrinha entrando e saindo da estufa latindo, como se me quisesse mostrar alguma coisa. Quando fui para fora vi um boi correndo em direção ao meu filho que brincava. Só tive tempo de tirá-lo de lá e o boi passar”, relembra.

Um dos filhos a ser salvo trabalha na ONG e ajuda diariamente a cuidar dos cachorros. Gabriel Goldinho gosta do que faz e elogia a iniciativa. “Tem que ter um coração grande”. Parece que resgatar os cães é uma tarefa fácil. Mas não é. Segundo Fabíola, alguns deles necessitavam de cuidados urgentes. ”Quando o cão chega aqui verificamos se ele não tem nenhuma doença. Com o tempo conseguimos identificar. Quando o cachorro está com algum machucado ou doente, ligamos para um veterinário parceiro da ONG para pedir orientação e medicá-lo”, conta.

A maioria dos cães não apresenta nenhuma doença, ou machucados. Estes recebem remédio para combater as pulgas, carrapatos, e outras pragas que pode estar carregando. Após são levados para o banho. “É preciso ter cuidado com os animais que já estão aqui. Se entrar um cão com alguma pulga, por exemplo, pode passar para os outros e até mesmo para o local”, explica.

Dentre os casos mais graves pelo qual já se deparou, Fabíola destaca o de Fred. “Ele chegou aqui muito magro e com bicheira em uma das patas traseiras. Seu dono morreu e ele estava abandonado. Hoje já se pode ver a diferença. Ele está bem melhor”, conta.

Muitas famílias já se conscientizaram e ao invés de comprar um cachorrinho procuram a ONG para adotar. É o caso da família de Fabiana Magé, moradora de Pedreiras. “Tínhamos um cachorro, mas faz dois anos que ele morreu de velhice”, conta. Ela teve conhecimento da ONG através das caixinhas para doação deixadas nos comércios. “Onde eu trabalhava tinha uma caixinha dessas. Quando pensamos em adquirir um cão pensei logo em vir aqui”, explica. Quem ganhou um novo amiguinho foi o filho dela, Carlos Eduardo, de 12 anos. Ele ficou satisfeito com o bichinho, e promete cuidar bem do novo amigo. “Estou satisfeito e quem quiser um cãozinho é só vir adotar um”, aconselha o pequeno.

A quantidade de cães, gatos e outros animais abandonados nas casas e ruas é assustadora. Em países mais desenvolvidos esse número chega a mais de 100 mil abandonos por ano. No Brasil, embora não haja uma estatística oficial, esse número deve ultrapassar 300 mil animais simplesmente “jogados fora” e abandonados à própria sorte. E, o que é pior, 85% morrem nos primeiros 20 dias, a maioria por acidentes de trânsito. Atitudes como a de Fabiana, adotando um cãozinho, e de Fabíola, resgatando-s das ruas, ajudam a diminuir esta estatística.

Para manter a ONG funcionando é preciso arcar com os custos. Ração, banho dos cachorros, materiais de limpeza, remédios, locomoção são alguns dos itens que são indispensáveis para que os cães possam viver e ser adotados. Enquanto a equipe do jornal Litoral Notícias entrevistava a fundadora da ONG, um carro chegou. Logo Fabíola os identificou. “São da Agropecuária Laurindo, vieram entregar uma doação”, disse. Junto com eles trouxeram duas casinhas, dois sacos grandes de ração, além de correntes e coleiras. “Eles são sempre parceiros”, enfatiza Fabíola.

COLABORAÇÃO - Para ajudar a ONG, doações podem ser feita em forma de dinheiro ou em objetos que serão usados para os cuidados com os bichos. O telefone para contato é o 3468-0004 e ainda no Facebook, pela FanPage da ONG (www.facebook.com.br/caodorincao).(www.facebook.com.br/caodorincao).