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Na Internet, quem não é fake?

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“Entrar no Twitter é aceitar ser monitorado”, disse o tuiteiro @peidomental em uma conversa aleatória sobre como é o comportamento dos internautas no ciberespaço. O serviço que ele participa é atualmente o que mais cresce no mundo. E twitar é simples: basta criar uma conta e pode escrever mensagens de até 140 caracteres que podem ser lidas por qualquer pessoa. O tweet, como é chamado cada microtexto, aparece na página principal dos usuários que decidirem “seguir” um perfil.

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No entanto, essa estrutura super aproximada, onde o contato dá a impressão de monitoramento como disse @peidomental, também trazem um sistema de comunicação em que a identificação deixa de acontecer pelo nome e sobrenome e passa a ser pelo nickname (no caso do Twitter, antecedido com a @). A reputação dos twiteiros muda na velocidade em que uma pessoa muda de nick. A pesquisadora sobre o comportamento dos internautas, Lúcia Santaella, do Rio de Janeiro, explica que pela interface “qualquer um pode entrar na Internet e criar uma aparência cuja coesão tem um teor mais democrático. Ou seja, todos são, de certa forma, iguais”. O psicólogo Jean Segata, de Florianópolis, destaca ainda que a interface de ferramentas de sociabilidade na Internet permite que as pessoas cuidem das ações tomadas antes de serem publicadas.

Desde os tempos de Orkut, essa característica de “montagem” do usuário criou um número incalculado de perfis fakes, ou seja, contas em uma rede de relacionamentos cuja identidade é inteiramente montada pelo proprietário. O perfil da Britney Spears no Orkut, por exemplo, é um fake. Quem monitora a conta é Bruna Campos*, de 15 anos. Ela entrou no Orkut apenas para se divertir, mas acabou fazendo novas amizades. “Dia desses, conheci uma fake da Avril Lavigne e ficamos próximas. A gente conversava sobre tudo! Durante um dos nossos papos, descobrimos que estudávamos no mesmo colégio. Custei a acreditar que fosse verdade. Combinamos de encontrar no intervalo das aulas e, hoje, dois meses depois, ela é minha melhor amiga real e virtual!”, revela ela.

No Twitter, o fake de famosos é uma tendência. O mais conhecido deles é o @vitorfasano (twitter.com/vitorfasano), que imita comentários e análises do ator global. A maioria dos tweets dos fakes beiram esse caráter lúdico, com a teatralização dos chavões mais utilizados pelas celebridades. O da @hebecamargo (twitter.com/hebecamargo), vive chamando os outros twiteiros de “gracinha” e convidando para aparecer no programa.

“Somos, naturalmente, atores. Convivemos com os outros e gesticulamos e falamos conforme a reação que queremos criar. Na Internet, como a estrutura é comum a todos (a interface), fica mais difícil identificar como uma pessoa pode ou não reagir. Resumindo, somos todos fakes”, completa o psicólogo Jean Segata.


* Bruna Campos é um nome fictício. O depoimento foi extraído da revista Capricho publicada em novembro de 2008.