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Cotidiano

Olívia: a mulher mais antiga de Içara

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Parte da história de Içara está guardada numa casa de madeira e com poucos cômodos em Urussanga Velha. É num espaço com estas características que mora Olívia Porto Figueira. O ano em que chegou à cidade ela não se lembra. Tampouco tem certeza do ano em que nasceu. Não há nem registro em cartório sobre isso. Mas para comemorar o aniversário, utiliza como referência 1911. É uma das pessoas mais antigas residente na cidade. Ou talvez a mais velha que se tenha registro no município.

Dona Olívia conta que ainda mora em Içara por causa do marido. Logo que se casaram, foram para uma casa na comunidade, de onde tirariam o sustento. Juntos, plantavam mandioca. A colheita era enviada para engenhos, de onde saía a farinha já ensacada. Vizinhos, segundo ela, eram poucos. E todos distantes. A estrada, existente até hoje, era somente uma abertura no mato para a passagem dos carros de boi.

Sentada num dos sofás que há na cozinha-sala, Dona Olívia relata que faz 40 anos que o companheiro Manoel faleceu. Mas nem por isso lhe faltou companhia. Esta senhora, com pouco mais do que um metro e meio de altura e de cabelos brancos, mora junto com uma netinha. Já a filha, Lurdes, se instalou numa casa ao lado da matriarca.

Questionada sobre o crescimento de Urussanga Velha, Dona Olívia não dá muitas informações. Isto porque, segundo ela, a comunidade parou no tempo. A estrutura do bairro ainda é precária. E a localidade continua distante das principais rodovias. Uma das poucas mudanças que soube informar com firmeza é a troca de lugar da antiga igreja. Apesar de ter sido construída no alto de um morro, as missas ocorriam em um prédio mais simples do que o atual. Depois, foi criado um templo amplo e resistente ao tempo que atualmente tem as portas abertas somente quando há missas do Padre Silvestre.

Na época da transferência, sem precisar a data, Olívia explica que o cemitério também teve o lugar alterado. Do pátio da igreja, passou para um terreno há poucos metros de distância e do outro lado da rua. Em relação ao destino das caveiras e corpos, nenhuma informação ela soube dar. Nem mesmo lembrou de John Willian Pinder, piloto inglês de 22 anos que foi sepultado em Urussanga Velha após morrer afogado na Lagoa dos Esteves.

“Mas para que você está escrevendo estes nomes?”. Dona Olívia, esperta, também dá uma de repórter após ver parte da vida sendo anotada. “Você tem fotos que retratam o passado da comunidade”, pergunto. E ela responde: “Não havia muitas máquinas fotográficas naquele tempo. Não era como hoje em dia, em que qualquer criança tem uma”. Depois disso, o encontro é encerrado. A personagem - da vida real - fica no sofá, espera os visitantes saírem e se levanta vagarosamente.