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Cotidiano

Papais em dose dupla

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Este domingo, dia 8, reserva um turbilhão de emoções para milhões de pais. Comemorada há quase 100 anos, é uma data para almoço em família, homenagens, presentes, abraços, mas um grupo em especial conta os minutos para a chegada da data. São os chamados pai e mãe, que por alguma razão tiveram que criar os filhos sozinhos. E ainda os chamados pais por duas vezes, que são os avôs que acabaram pais de seus netos.

Cuidar de filhos não é fácil. As tarefas diárias como levar a escola, ensinar a lição e cuidar da alimentação são prazerosas, mas requerem atenção e, principalmente, dedicação. Quando essas atividades são divididas entre pai e mãe elas se tornam mais fáceis. Mas nem sempre a criança pode contar com a presença de ambos. Como o caso do jovem Patrick Fernandes, hoje com 18 anos. Quando ainda criança, por volta dos seis anos, a mãe foi embora deixando para trás o filho pequeno e o marido, Itaelson. O pai, motorista, não teve alternativa a não ser assumir o papel de pai e mãe e adotar o cuidado integral com o filho.

O motorista conta que do dia para noite a sua vida mudou por completo. Numa noite ele foi dormir casado, ostentando uma bela família, esposa e filho. No outro, acordou e se deparou com uma nova realidade. Na época, contou com a ajuda da mãe, já falecida. “Não fosse pela minha mãe e pela educação que ela me deu, não sei se teria segurado a barra. Aproveitava os dias em que ela cuidava do meu filho, para pensar o que teria acontecido, o que teria feito de errado”, conta. Mesmo com os autos e baixos, o motorista foi um pai exemplar na educação do filho. Ele teve que aprender a dividir os momentos de afetividades com os de cobrança, os de brincadeira com os momentos de conversa séria.

“Não tive outra escolha, ou assumia o compromisso com meu filho e tornava as tarefas prazerosas, ou ficava chorando pelos cantos. Meu filho não podia sofrer com mais uma rejeição”, fala sabiamente o pai. A nova rotina não foi fácil, e nem sempre ele acertou nos cuidados com o filho, mas ele garante que sempre procurou fazer o seu melhor. Os momentos de apuro não foram poucos, como nas noites em que Patrick acordava com febre, ou reclamando de alguma dor. “Não tinha a sensibilidade de uma mãe, de saber reconhecer o que estava acontecendo, qual o melhor remédio ou o melhor chá para oferecer a ele. Mas, com o tempo fui aprendendo a reconhecer as necessidades, o que era bom ou ruim para ele”, fala.

E a dedicação teve reconhecimento, tanto que Patrick é só elogios e agradecimentos com o pai. O jovem sabe reconhecer o empenho de Itaelson em sua educação. “Nós nos tornamos muito além de pai e filho, mas sim verdadeiros amigos. Tanto que hoje não sinto falta da minha mãe. Meu pai consegue preencher todos os espaços vazios dentro de mim”, afirma. É essa educação recebida por ele que um dia espera repassar para o filho também.

Quem olha para o aposentado Aldo Olávio Floriano, 70 anos e para o neto Thalles de 14, pode afirmar que eles mantêm uma relação típica de avô e neto. Não fosse pelo fato de que é seu Aldo quem cria e educa o adolescente desde seu nascimento. A relação de pai e filho iniciou quando a mãe do menino ainda muito jovem não soube desempenhar os cuidados necessários exigidos por um recém nascido. Seu Aldo e a esposa, Irani, depois de ter criado os dois filhos, acreditar que suas tarefas haviam encerrado e que poderiam desfrutar de um relacionamento mais tranqüilo com o neto, se viram obrigados a assumir a guarda do pequeno Thalles.

Desacostumado com o relacionamento com adolescentes, seu Aldo conta que procurou se modernizar. “Não podia criá-lo da mesma maneira que criei meus filhos, hoje os pais além de educar também mantêm uma relação de amizade com os filhos. E foi esse relacionamento que sempre procurei ter com o meu neto”, diz. O que não muda, segundo ele são as expectativas criadas com o crescimento dos filhos. “Quero pro meu neto o que qualquer pai deseja para seu filho, que ele tenha uma boa educação, que estude, tenha uma profissão, que seja alguém na vida”, coloca, destacando que sua única preocupação é não poder estar sempre ao lado do neto. “Sei que já estou com uma idade avançada, mas espero pelo menos poder deixar ele encaminhado na vida”, fala o aposentado.

O pequeno Thalles, estudante da 7ª série, tem por seu Aldo o respeito que um filho tem por um pai. E ele não observa diferenças entre o seu relacionamento com o avô e o relacionamento que os seus colegas levam com os pais. Pelo contrário, apesar de cumprir mais o papel de pai, o menino conta que Aldo tem os momentos de avô, quando os dois relaxam e podem brincar e se divertir. A única preocupação de Thalles é não atender as expectativas do avô com relação a sua carreira profissional, já que o garoto sonha em ser um jogador de futebol. “Não sei se vou fazer uma faculdade. Já até conversei com ele a respeito, mas por enquanto essa meta é apenas um sonho”, finaliza o menino.