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Cotidiano

Reflexão: Içara, querida Içara

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Por entre as içarobas se escondem mil segredos. Das nossas Escolhedeiras de Carvão, dos Ex-Ferroviários, das 55 Comunidades de Içara... Em cada canto desta terra, uma qualidade visivelmente querida por todos. A simplicidade, os trabalhadores ao longe sobre um trator ou andando por entre as lavouras verdes demonstrando um capricho em suas evocações sugestivas e formosas.

Assim é Içara e eu não me canso de elogiar... O içarense é um povo que transborda de felicidade por pertencer ao lugar onde vive. As histórias contadas de geração em geração é o motivo desta graça, uníssoma... A imortalidade existe? Eu senti em cada cantinho de Içara, quando eu e Sanete perambulamos com um gravador e um livro buscando a história que preguiçosa deslizava no papel, desenrolando-se em todos os quintais.

A beleza do Içarense se reafirma e cresce em densidade, nas manifestações expressas ou nas fotografias. Nada é mais rico do que a preciosidade com que lidamos todos os dias, às vezes distraídos. Essa garimpagem, que Deus nos permite, nunca deixará de produzir surpresas. Outro dia ao atravessar a rua, lá longe vinha o “Gengiskan”, tirei da bolsa uma máquina e o fotografei.

Uma moça que ia para a Academia, olhou para mim e disse: “Se vê cada coisa neste mundo!”. Gritei “sou escritora e ainda escreverei sobre o “Gengiskan”. Ela entra na Academia, entro no carro e ando alguns minutos atrás do “Gengiskan” só para ouvir “Que beijinho doce, que ela tem”, encheu a cidade de passado e alegria. E sai silenciamente pensando, que o moço da carroça musical deixa nesta cidade muitas alegrias, e o içarense sabe.

Nossa terra tem Içarobas aonde canta o “Gengiskan”. É Içara florida, cujas árvores florais tomam conta da estrada... E as flores nas casas, as roupas deitadas sobre as janelas, pegando sol. Estou escrevendo sobre Içara e são nestas pequenas ocasiões que o escritor recolhe no ar a literatura para poder salvar o mundo e a si mesmo. O escritor nasceu para transitar por entre as letras e livre, sem amarras...

Mesmo que a chuva quente e sonora lhe fizer tremer de frio, sentirá o beijo dos pingos da água... Quando entrei nos museus desta cidade para construir um capítulo do meu livro, senti que Içara é única! As pinturas expostas nas paredes da Casa da Cultura, outro presente dos céus, a cidade içarense viva. Apreciei cada imagem, uma por uma. Em pensamentos li os nomes das pessoas que estão escritos embaixo de cada gravura: Pacífico Pizzetti, Evaristo Piazza, Cecília Dal Toé, Antônio Guglielmi, Luiz Guglielmi, Paulo Rizzieri e Celso Cabreira.

Parabenizei-os em silêncio, por terem deixado o egoísmo e valorizado as mãos do artista e embelezado as paredes da antiga igreja, na época (1945). Lembrei-me do meu avô que gritava alto e ninguém ouvia.... Volta-me novamente a cena do “Gengiskan”. A música entrou pela janela, atravessou a casa e a manhã se transformou em alegria, mais uma vez...