Cotidiano | 29/09/2010 | 14:51
Transplantes: o dom de salvar vidas
Amanda Tesman (Jornal A Cidade) - acidaderincao@gmail.com
Compartilhar:
Eu pensava: será que vai ser hoje? São eles que estão me ligando?”. É desta forma que Patrícia Mazzuquello, 23 anos, relata a angustia que passou no período em que permaneceu na fila de espera por um transplante. A vida da jovem começou a mudar aos 18 anos, quando descobriu que sofria de insuficiência renal. “Minha experiência aos 18 foi passar pela hemodiálise e receber o transplante”, conta sobre o procedimento que realizou duas vezes.
A mãe de Patrícia, Lossiva Mazzuquello, doou o primeiro órgão, sendo assim a espera por um novo rim durou somente um mês. “Aguardamos por este período na esperança de que algum doador aparecesse, com isto a minha mãe não precisaria ser operada”, explica. A doação de órgãos entre pessoas vivas é possível, mas só é permitido em parentes de até quarto grau ou conjugue. Se a pessoa não for parente é necessária uma autorização judicial. Neste tipo de procedimento, pode ser transplantado um dos rins, pâncreas, pulmão, parte do fígado, tecido ou medula óssea, tudo avaliado por médicos.
No caso de Patrícia, a vida com o novo órgão durou por um ano e nove meses. A partir do surgimento de algumas complicações, a jovem teve que retornar para a hemodiálise, três vezes por semana, e também para a fila de espera. “Fiquei muito frustrada quando descobri que o órgão da minha mãe não estava funcionando corretamente”. Desta vez, a espera por um novo rim durou sete meses. “Quando fui informada que seria transplantada novamente fiquei com medo de que tudo desse errado de novo. Mas ao mesmo tempo renasceu a chance de mudar a minha vida”, lembra emocionada. Atualmente, três anos depois do transplante, Patrícia leva uma vida normal. “Hoje não tenho do que reclamar”.
No Brasil, 70 mil pessoas estão na fila de espera por um transplante. No ano passado, conforme as estatísticas divulgadas pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), 5373 procedimentos foram realizados. Somente em Santa Catarina, 1849 aguardam por um novo órgão. De acordo com o coordenador da SC Transplantes, Joel Andrade, os pacientes que aguardam por um transplante de córnea são atendidos conforme surgem os doadores. “Se a pessoa estiver na décima posição somente passará pelo procedimento quando atingir o número”, destaca.
Já aqueles que esperam por outros órgãos são separados em quatro filas, sendo cada uma para o tipo sanguíneo. “Neste caso, desde 2006 é aplicado o critério de urgência. O paciente mais grave, dentro do perfil de compatibilidade, irá receber o órgão”, explica. O coordenador conta que pelo quarto ano consecutivo o estado apresentou os melhores números no assunto. Atualmente são 16,7 doadores por milhão de habitante, isto corresponde à média nacional estipulada pelo Ministério da Saúde para 2015.
Joel informa que para não ocorrer qualquer nível de interesse, os médicos que realizam o transplante não podem fazer parte da equipe que constata a morte encefálica do paciente, que são considerados os potenciais doadores. “Vários testes são feitos para que se tenha a certeza do diagnostico”, garante. A morte encefálica é a parada de todas as funções cerebrais. Quando verificada, quase todos os órgãos e tecidos podem ser doados como o coração, rins, fígado, pulmões, córneas e pâncreas.
No Brasil, para ser um doador, a pessoa tem que avisar a família da vontade. O coordenador revela que na hora de decidir se autoriza ou não à doação de órgãos a família deve pensar que hoje um estranho está precisando, mas amanhã um ente querido pode estar necessitando. “Entendo a dor da família, se não fosse eles talvez eu estivesse esperando até hoje. Hoje não tenho o que reclamar, minha vida voltou ao normal”, destaca Patrícia.
QUAIS OS ÓRGÃOS E MATERIAIS QUE É POSSÍVEL DOAR?
* Córneas (retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias);
* Coração (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo seis horas);
* Pulmão (retirados do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas);
* Rins (retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48 horas);
* Fígado (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
* Pâncreas (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
* Ossos (retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até cinco anos);
* Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
* Pele;
* Válvulas Cardíacas.
Na edição 37 do Jornal A Cidade você também confere:![]()
![]()

» POLÍCIA: Moradores reclamam da falta de segurança no Balneário Rincão
» POLÍTICA: No dia da votação, eleitor poderá demonstrar preferência

.jpg)

.png)




.png)


.png)































