Quando ouvimos falar de criatividade, logo pensamos que precisamos criar algo totalmente original, como seu eu pegasse um papel em branco e começasse a criar traços de algo, até então nunca visto antes, sem nenhuma semelhança com o conhecido.
Isso é um engano, pois quando falamos de criatividade, também estamos falando de pegar o seu repertório e buscar informações e conexões para essa nova criação. É a união de dois elementos distintos, é conectar o que ainda não foi conectado.
Temos a capacidade de nos afastar do tempo e espaço em que vivemos e considerar um conjunto de ideias e associações abstratas que não estejam relacionadas entre si ou no momento presente. Fazemos isso quando sonhamos acordados, imaginamos situações e mesmo quando mentimos. Todo trabalho criativo é construído sobre o que veio antes. Nada é totalmente original.
Precisamos incentivar nosso cérebro a combinar elementos aparentemente aleatórios em uma nova configuração, não vista ainda. Picasso tem uma frase bem conhecida “os bons artistas copiam, os grandes artistas roubam”.
Não existem ideias completamente originais, mas há combinações únicas. Quando Picasso menciona que bons artistas roubam, eu entendo que com base nas referências que temos, podemos pegar elementos que outras pessoas criaram e usar no nosso trabalho. Aqui reforço que não é plágio e sim pegar recortes e usar na sua criação.
Um exemplo disso, foi o artista Joris Laarman, que acabou tendo uma ideia um pouco diferente, usar um software que simula o desenvolvimento do esqueleto humano para construir seus “móveis de ossos”. Ele queria criar algo diferente do comum, e começou a usar a imaginação para pensar em possibilidades, até ter um vislumbre, o esqueleto humano.
O esqueleto humano otimiza a distribuição de massa óssea, assim Joris, usou um software, simulando a estrutura do esqueleto para construir seus móveis, criando um design jamais visto e com um diferencial, suportar mais peso.
Joris não plagiou o trabalho de ninguém, apenas conseguiu conectar algo que não tinha sido conectado ainda: esqueleto humano com móveis. Esse exemplo, ilustra muito bem o que é a combinação.
Mas para poder combinar, você precisa ter um repertório vasto e diversificado. Por isso, se abasteça de coisas que você poderá usar: assista filmes antigos e novos, ouça músicas, leia livros e poemas, sonhe, converse com pessoas diferentes, observe culturas, viaje, fique atento ao que está a sua volta e ao que não está.
Todos nós podemos criar coisas incríveis a partir do que já foi criado. Mas para isso, você precisa primeiro acreditar que pode, que tem esse potencial e que errar faz parte do processo. O segundo ponto é saber que para combinar coisas, você precisa conhecer as coisas, ou seja, ser curioso o bastante para buscar conhecimento, vivências e experiências nas diversas fontes disponíveis.
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