Se para alguns moradores a obra paralisada causa desconforto pelo abandono, para outros significa aconchego. É que a estrutura deixada para trás pela Prefeitura Municipal de Içara virou moradia. O espaço no Centro da cidade já deveria ter teatro, biblioteca, sala de conferências, além de ser a sede do Procon e da Junta Militar. Mas, atualmente abriga somente pessoas que não possuem um teto próprio.
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Retiradas as máquinas há mais de dois anos, ficaram montes de tijolos, paredes e colunas erguidas em meio ao matagal. Ainda na antiga caixa de carvão, restaram também os galpões para o armazenamento dos equipamentos. Todos propícios para a invasão. Até mesmo instalação de água existe num banheiro.
Sem trava nas portas, o uso de um dos módulos tem rotatividade. Vizinhos e trabalhadores próximos revelam que pelo menos uma pessoa dorme todas as noites no local. Mas, já houve tempos em que cerca de cinco habitantes chegaram a dividir o quarto montado no lugar. Foi o que ocorreu há poucos dias, quando, irritadas com a sujeira, mulheres que integravam o grupo fizeram uma limpeza geral. Parte do que era entulho foi para a rua; virou fogueira.
No assoalho, ficou somente um colchão misturado a resto de cigarros, bebida alcoólica, garrafas de refrigerante, marmita com carne moída, escova de cabelo e roupas aos frangalhos... Um ambiente razoavelmente limpo. Afinal, morador de rua também sabe que o lixo tem um lugar certo para depósito. Ao menos é isto que demonstram os ocupantes que passaram por ali até agora e mantiveram uma lixeira no local. Até agora.
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