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Crônica: Droga! Será possível?

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O consumo de drogas lícitas e ilícitas está presente em nosso cotidiano. Em Içara não é diferente. Conforme indicativos policias de nosso município, 90% dos casos registrados de violência têm como causa o consumo de drogas. Parece que se tornou normal irmos até o centro da cidade, fazer umas voltas (como dizem os mais velhos) e nos depararmos com pessoas das mais variadas idades, inclusive adolescentes, fumando e bebendo em praça pública.

De acordo com os últimos dados do IBGE, estima-se que Içara possua 51.416 habitantes distribuídos em cerca de 200 km2 de área urbana e rural. Localizada próximo ao litoral sul de Santa Catarina, a 183 km de Florianópolis. A taxa média anual de crescimento da população, conforme dados elaborados pelo SEBRAE/SC com base em dados do último Censo do IBGE, demonstram que Içara tem apresentado, nos últimos anos, uma taxa média de crescimento populacional da ordem de 1,8% ao ano. Os habitantes estão divididos entre homens e mulheres de maneira equivalente, com mais de 80% do total da população classificada entre jovens e adultos.

Isso significa que a maioria da população é considerada economicamente ativa, que compreende jovens de 20 anos a adultos de 59 anos de idade. Nossa colonização deu-se por italianos e açorianos, em sua grande parte, mas também temos representantes de diversas outras etnias, convivendo harmoniosamente em Içara. Nosso município já foi reconhecido nacionalmente por sua vasta produção de mel. Produto este de sabor agradável ao paladar de nosso povo e de nossos visitantes. O gosto agora um tanto amargo advém do uso cada vez mais frequente do uso de drogas, tanto as consideradas lícitas quanto as ilícitas. Aqui faço um destaque especial ao uso de maconha.

Sim, isso virou normal e diário em Içara, sendo que, boa parte dos usuários de maconha, são menor de idade. Tráfico, roubo e violências generalizadas se incluem nesse consumo de drogas. Infelizmente, estamos vivendo em uma cidade baseada em drogas ilícitas andando por aí. As causas desse consumo pode ser a falta de empregos, os conflitos familiares, indução de amigos, etc. A polícia até tenta combater o tráfico e pôr um fim nessa situação para que possamos viver em segurança e respeito em área pública. Mas, o que se pode fazer quanto aos usuários, já não há legislação própria para lidar com eles? E, se esses usuários forem jovens menores de dezoito anos, a restrição legislativa é ainda mais defensiva ao usuário. A mim, isso parece meio ilógico já que é o usuário, independente de idade, que alimenta o tráfico, que gera violência de toda ordem social.

As consequências das drogas ao ser humano, inclusive a maconha, são devastadoras e duradouras, causando não apenas problemas de ordem social, mas também psicológica e familiar. Afinal, famílias que possuem um usuário de droga em casa, convivem com a tristeza, o desrespeito e brigas constantes. Creio que não só eu como a boa parte dos moradores de Içara estamos cansados com essa tão grave situação social que está cada vez mais notória, mais evidente em nosso município e que deve ter um fim. Queremos morar em uma cidade tranquila, sem ter medo de sair de casa. Não é possível normalizar algo que prejudica o cidadão e seu convívio; até porque depois de normalizar algo, acostumar-se com isso, a tendência posteriormente é de legalizá-lo.

O Professor da Universidade Federal de São Paulo, CEBRID, graduado em Medicina pela Unifesp e mestre em Psicofarmacologia, Elisaldo Carlini, afirma ser totalmente contra o uso e a legalização da maconha. Diz: “(...) a maconha faz mal para os pulmões, acarreta problemas de memória e, em alguns casos, leva à dependência, não deve ser legalizada.” Apesar de inúmeros argumentos que se tem quanto aos malefícios causados pelo uso das drogas, inclusive da maconha, não somente para quem usa mas também às pessoas ao redor, existem pessoas que estão a favor tanto do uso quanto da liberação de outras drogas, como se já não bastasse as que já são consideradas lícitas e que trazem todo tipo de prejuízo à sociedade.

O médico cancerologista Dráuzio Varela alerta: “Não são poucos os benefícios potenciais da maconha (...). No entanto, o argumento de que o uso de maconha deve ser liberado em virtude dos seus efeitos benéficos (...) é insustentável: a imensa maioria dos usuários não o faz com finalidade terapêutica, mas recreativa.” Considero incrível como uma sociedade que evolui e uma cidade que cresce e se desenvolve, age (ou melhor: não reage) quando se seus jovens se perdendo no mundo das drogas.

Acho triste quando vejo nossa geração se acabando com algo que não nos traz futuro e não estabelece nada de bom. Fico impressionada também ao ver colegas e até amigos se afundando no vício das drogas, e mais, defendendo a ideia de liberação da maconha como algo legal, que não prejudica ninguém. Quanto a mim, desejo a nossa cidade seja docemente cuidada, que as famílias possam caminhar com suas crianças sem precisar “apreciar” adolescentes drogados e alucinados pelas pracinhas tão floridas de Içara. Prefiro querer conviver em respeito e com tranquilidade.

Aos que acham que usar maconha tem algum favorecimento ou que acham prazeroso seu uso, penso que estão achando pretextos, mesmo que consistentes, para justificarem seus medos e fracassos existenciais, se afundando nos vícios e, consequentemente, acabando com suas vidas. A esses, meus sinceros pêsames. Queremos felicidade em Içara, respeito com nossos jovens adolescentes que curtem um skate na Pracinha da Juventude; nossas crianças que brincam nos brinquedos da mesma praça, nossos idosos que sentam ao sol na Pracinha central da cidade. Queremos segurança e dignidade... Sem droga. Será possível?

*Este artigo foi produzido para a Olimpíada da Língua Portuguesa sob orientação da professora Luciana de Cássia Geremias na Escola Professora Salete Scotti dos Santos.