logo logo

Curta essa cidade!

HUB #IÇARA

Venha fazer também a diferença!

Comunicação + Conteúdo + Conexões

Acessar
Cotidiano

46 anos: facetas de uma Içara cheia de desafios

Compartilhar:

Gilberto Benedet Júnior, há dez anos, quando vinha visitar a vó no Balneário Rincão, achava que a praia era um município. “Eu só vinha no verão, quando está cheio de gente.” Ele nasceu em Criciúma, mas saiu da cidade aos oito anos. Com 17, se mudou com os pais para a capital catarinense. “A gente perdeu contato com a região, só aparecia em Içara quando ia nas danceterias com meus primos.” Em Florianópolis, se formou em engenharia sanitária pela UFSC.

No ano passado, quando estava terminando o mestrado em engenharia ambiental, ouviu de um primo de Criciúma que a prefeitura de Içara tinha aberto um concurso público para engenheiro sanitarista no Samae. Era a chance de emprego de Gilberto, que é mais conhecido como Júnior. Se inscreveu e passou, em abril de 2006. Um mês depois, se mudou para a capital do mel e começou a trabalhar. Ele se adaptou rápido à rotina de Içara. “A cidade não é pequena. Tem um ritmo de crescimento que impressiona e é muito acolhedora”, relata de sobrancelhas altas. “Claro que é diferente da capital catarinense. Mas as diferenças me agradam”, completa. Júnior diz que não via em Florianópolis a molecada jogando futebol na rua. “Aqui, isso é comum e eu gosto de ver.”

Neste domingo, dia 30, as ruas onde pisa o novo içarense comemoram 46 anos. Mas a história da cidade é anterior à emancipação. Içara já fez parte da Vila de Urussanga Velha, ponto de passagem entre o Rio Grande do Sul e as povoações de Laguna e Florianópolis (na época chamada de Desterro). Em 1917, ficou conhecida como Quilômetro 47, demarcação da Estrada de Ferro Dona Teresa Crisitina pela distância percorrida de Tubarão até a região das palmeiras Jussaras. Tempos mais tarde, a região da orla marítima foi chamada de Distrito Aliatar por causa de um avião que caiu na Lagoa dos Esteves. Nesta época, as terras faziam parte do município de Araranguá. Depois da criação de Criciúma (chama de Cresciuma), o nome oficial do distrito muda definitivamente para Içara, emancipando-se em 1961.

No ano passado, as escolas de ensino fundamental do município ganharam uma nova apostila com a revisão dessa história. A historiadora Derlei Catarina De Luca, que coordenou a pesquisa para a elaboração do material, explica que o estudo da história do município ajuda os professores a servirem como elos de unidade. “O conhecimento geográfico e histórico de Içara identifica as áreas de conflito e facilita a resolução dos problemas”, defende Derlei.

Embora a cidade ainda tenha muito que crescer, a historiadora, autora de três livros, vê como ponto positivo o incentivo à arborização das zonas públicas do município. “A aparência física deixa a população à vontade para se socializar”, completa. Porém, Derlei chama a atenção para o crescimento desordenado que muitas cidades próximas sofreram na década de 70. Na época, a explosão demográfica atingiu Içara em cheio. Ela lembra da enchente em Tubarão, que fez muitas pessoas dessa cidade se mudarem para os bairros Elizabete e Jaqueline, zonas altas de Içara. Salienta que o município não estava preparado para receber tanta gente.

Mesmo com as dificuldades de garantir um crescimento sustentável, Içara vive um clima de otimismo generalizado. A cidade, segundo PIB da Amrec, é considerada uma das que mais cresce em todo o Estado. E existem garantias para se afirmar isso. A principal delas é a infra-estrutura gerada pelas obras na BR-101. A ampliação da rodovia, restaurada e duplicada, põe definitivamente Içara no eixo econômico do Estado e deve atrair mais indústrias para a região.

O economista e vereador Murialdo Gastaldon alerta que esse otimismo deve ser levado com cautela. “A economia acompanha a infra-estrutura, mas esse desenvolvimentismo é limitado.” Gastaldon explica que não adianta criar zonas industriais sem um planejamento. “Precisamos organizar os distritos, garantindo a vinda de indústrias que forneçam insumos para as empresas mais importantes da cidade”, argumenta.

Fora dos imbróglios políticos, fatores internos e externos tornaram Içara um lugar melhor pra se viver. Júnior, o engenheiro sanitarista do Samae, acha que muito pode ser feito pelo município se cada um fizer o seu possível. “O mais importante é gostar de quem divide o mesmo espaço que você”, diz o jovem, que não pretende largar a cidade por causa dos amigos.