Há quem prefira as lagoas

As águas doces das lagoas e a calmaria das ralas ondas são mais atraentes para alguns veranistas do que a movimentada orla das praias, com suas constantes ondas quebradiças, vento, areia e intenso fluxo de pessoas. O novo município rinconense conta com várias lagoas: a do Faxinal, a dos Freitas, a dos Esteves, a do Jacaré, a da Mãe Luzia, a da Urussanga Velha, o Lago do Rincão e a Lagoinha da Barra Velha. A maior é a Lagoa dos Esteves, com 1,4 quilômetros quadrados (km²) de área.

De acordo com a Prefeitura de Içara (até ano passado o município mãe do Rincão), as lagoas dos Esteves, do Faxinal, do Rincão, do Jacaré, dos Freitas e de Urussanga Velha somam juntas 7,64 km² de área, utilizados em atividades de lazer como camping, sítios e chácaras. Cercada de campings particulares, a dos Esteves também é, entre as suas irmãs das bacias hidrográficas, o principal destino de veraneio das pessoas que preferem as lagoas ao mar.

Há 15 anos, a família do agricultor criciumense Sidnei Fernandes passa as férias de verão no Camping da Velhinha, na Lagoa dos Esteves. Eles contam que preferem a água mansa e que não gostam da areia do mar, que pode ser transmissora de diversas bactérias. As lagoas são, em boa parte, limitadas por gramados. “Minha mulher e minhas filhas podem ficar mais à vontade aqui. A gente vem todo fim de semana e somos fiéis à lagoa, que nunca nos trouxe nenhum incômodo com saúde”, comenta o homem. O último relatório semanal de balneabilidade da Fundação de Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma), de 23 de janeiro de 2013, relata as lagoas do Faxinal, dos Esteves e dos Freitas como estando apropriadas para banho. Isso significa que, nas últimas cinco semanas de coleta, pelo menos 80% do volume coletado continha uma quantidade insignificante de coliformes fecais que não prejudicam a saúde humana.

A dona de casa Tatiana Coelho gosta mais das lagoas porque não precisa ficar o tempo todo preocupada se as filhas vão estar sem segurança na água. “No mar, há as zonas de repuxo que colocam a vida dos banhistas em perigo, principalmente as crianças. Já a lagoa é rasinha até boa parte lá para o fundo. Lá onde é mais fundo é a área para os jet-skis, que respeitam a área dos banhistas. Posso ficar bem mais tranquila do que na praia”, comenta Tatiana, lembrando que, na Lagoa dos Esteves, há uma zona muito profunda, na extremidade sul, chamada de “precipício peral”, em que só é possível se banhar com segurança utilizando um colete salva-vidas.

O público mais familiar que procura as lagoas já foi identificado pelos comerciantes, que se adaptaram para atender a essa parcela veranista. Também 15 anos atrás, a lagoa dos Esteves era muito procurada por famílias que traziam barracas, grandes e pequenas, para acampar por temporada. Assim, quando assumiu um dos bares do camping, a família de Ivan e Fátima Rodrigues passou a investir em um novo negócio, o aluguel de casas. “Construímos várias casinhas para serem alugadas, porque percebíamos que as barracas estavam cada vez mais parecidas com casas, mas davam muito transtorno quando aconteciam tempestades. Era gente segurando tudo para não cair, tapando goteiras, essas coisas. Agora, os veranistas não têm mais esse problema e continuam com o mesmo clima familiar de conforto”, explica a comerciante Fátima.

A Lagoa do Jacaré foi revitalizada em 2009, proporcionando aos moradores e visitantes mais um espaço voltado ao lazer. Às margens da SC-445 (antiga SC-444 ou Rodovia Paulino Búrigo), a aproximados 2 km do Balneário Rincão, situa-se a Lagoa dos Freitas, a única totalmente aberta ao público, sem cobrança de ingresso. Com uma área de 0,18 km² de área, ela recebe milhares de visitantes e turistas todos os anos na alta temporada, caracterizando-se como a mais popular e democrática lagoa.