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Cotidiano

Opinião: Anencefalia e o que virá depois?

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Quinta-feira passada vimos o Supremo Tribunal Federal aprovar o aborto de crianças anencéfalas. A questão tinha se tornado mais ideologia que discussão racional – infelizmente os votos também. Sem entrar na questão propriamente ética, a contradição racional e científico-positiva dos discursos era gritante. Como dizer que uma criança anencefálica não possui vida? Se não a possuísse, como poderiam ter entrado com o recurso para retirar a vida da mesma? Como bem disse o presidente do STF, a discussão só pode existir porque aquele feto possui vida.

Outra alegação comum era de que não tratava-se vida humana. Será que algum dos proeminentes ministros seria, então, capaz de explicar de que espécie de vida se trata? Seria um animal? Um vegetal? Um ministro chegou a recorrer, inclusive, à história da Igreja – uma estória muito diferente de qualquer história científica, para utilizar a antiga distinção ortográfica. Mas deixemos os ministros e suas incoerências.

Perdemos a batalha, mas não perdemos a guerra. E a guerra, podem ter certeza, será grande! Deixo claro que não se trata de uma guerra entre religião e Estado, entre catolicismo e laicismo, entre fé e razão. Pelo contrário. Trata-se de uma guerra entre a racionalidade científica e o utilitarismo. O que tenta ser aprovado é a morte de pessoas que – segundo alguns – seriam inúteis para a sociedade.

O passo sucessivo será a aprovação do aborto para outras doenças graves, como se a execução da criança no ventre da mãe pudesse aliviar o sofrimento da mesma. Converter a mãe de uma vítima que sofre com a morte do seu filho em uma pessoa atormentada por ser o carrasco ou a mandante do crime de matar seu próprio filho não será capaz de aliviar o sofrimento de ninguém. A situação é complexa de fato, mas não somos avestruzes para esconder a cabeça na terra ao invés de enfrentar o problema como seres humanos que somos.

E depois de aprovar que essas pessoas vivas estão mortas – “mortos jurídicos” como bem disse a Doutora Lenise Garcia – porque não aprovar também a eutanásia? Se essas crianças podem ser mortas porque não são “úteis” à sociedade, porque não matar também a nossos idosos? Muitos deles não são mais capazes de usar plenamente a consciência – razão pela qual alguns dos ministros justificaram o aborto das crianças anencéfalas.

Fiquemos atentos. Lutemos desde já, porque não podemos chegar tarde mais uma vez. Não se trata de lutar contra a liberdade de ninguém, mas sim de fazer que a nossa sociedade possua valores claros e que os mais indefesos sejam de fato os mais protegidos. Seremos feridos nas batalhas, mas se nos unirmos podemos vencer a guerra e defender o que a grande maioria dos brasileiros quer. Vimos outras sociedades – como a europeia atualmente ou a Roma antiga - destruírem seus valores e entrarem em profunda crise moral, social, política e econômica. Não os imitemos em seus erros, pois sofreremos as mesmas consequências.