Gerar um filho é uma grande responsabilidade. Cuidar do seu desenvolvimento então, nem se fala. O elo que a mãe tem com o filho já começa no ventre materno e se completa na maratona de funções após o seu nascimento. O período que antecede o parto é cheio de medos e angústias. Parto normal ou cesárea? Será que vou aguentar? Será que vai dar tudo certo? Será que vou conseguir amamentar? São muitas as dúvidas que atormentam a cabeça da mãe nesta fase pré-natal.
Algumas mais adiantadas vão atrás de informação e decidem baseadas em informações sólidas e seguras. Outras, sem saber pelo que vão passar, sentam e esperam a hora chegar. Essa postura é a mais comum, ainda mais em uma sociedade que não estimula e nem esclarece os benefícios do parto normal e da amamentação exclusiva, que não fala da importância do vínculo mãe e filho nos primeiros dois anos de vida da criança. O fato de estas questões serem tão naturais, obviamente não rendem lucro, não estimulam o consumo, consequentemente não ganham atenção. Enquanto isso, nossas crianças vão sendo moldadas pelo que convém ao mundo, não a elas.
O Brasil tem a maior taxa de cesarianas do mundo. O índice que era para ficar em torno dos 15 ultrapassa os 50%. Criou-se uma cultura de medo e de dor que fazem a maioria das gestantes desistirem do parto normal, mesmo sem conhecer seus infinitos benefícios. Faltam também médicos e profissionais da área da saúde que informem, esclareçam e orientem sobre as tantas vantagens que acompanham o parto normal. Ele é um direito que deve ser reivindicado pelas gestantes, mas que não é feito, pela falta de conhecimento por parte delas. Da mesma forma elas deveriam ser informadas também sobre as impossibilidades do parto normal, caso a cirurgia fosse realmente necessária.
O fato é que muitas mães perdem a oportunidade de usufruir do maravilhoso vínculo proporcionado pelo parto normal. Começando pelo fato de o bebê ser o precursor do momento, ele está pronto, ele dá o sinal, ele inicia o processo lá de dentro. A mãe só seguirá o ritmo e atuará conforme a música tocar. É o momento da passagem, do primeiro contato, é uma aventura começando passo a passo. Uma aventura para ambos, afinal, serão algumas intensas horas de emoção, ansiedade e expectativa. Um momento único, inesquecível e marcante para mãe e filho. Diferente de uma cesariana eletiva, ou seja, marcada com antecedência, onde a criança é literalmente arrancada do ventre da mãe, na hora escolhida pelo médico, não por ela. Sendo que, um dia pode fazer diferença no desenvolvimento perfeito do bebê. Um pulmão imaturo tem maiores possibilidades de desencadear problemas respiratórios que podem ter reflexos por toda a vida.
Cabe ainda ressaltar que, uma cesariana pode ser a melhor alternativa em situações de risco. Mas, aí entra o bom senso e o profissionalismo do médico. Há muitos casos de mulheres que desejaram o parto normal, que respeitaram o momento, iniciaram o trabalho de parto, mas por alguma complicação, tiveram que fazer uma cesariana. O que está em discussão, no momento, é a antecipação de médicos e até de mães, que simplesmente agendam uma data que seja ‘boa’ para ambos. Essa prática tem sido comum, inclusive, em hospitais particulares onde os índices da cirurgia de cesariana têm ultrapassado os 95%.
Portanto, o que se espera das mães, é que busquem informações adequadas, que saibam o suficiente para tomarem suas decisões de forma segura e tranquila. A maternidade é uma viagem sem volta, que merece ser vivida intensa e conscientemente. Os benefícios serão refletidos no bom desenvolvimento do filho e principalmente no relacionamento saudável de toda a família. Sobre a questão do vínculo, não há como deixar de falar da amamentação, mas este é um assunto para ser tratado em uma próxima conversa. Até lá!
EXPERIÊNCIA - Tive dois partos normais tranquilos e maravilhosos. Desejei, me preparei e junto com os bebês, conduzi muito bem os dois momentos. Tive muita segurança e colhi os frutos de minha acertada escolha. Nos próximos cinco filhos também vou escolher pelo parto normal, com certeza! (Talvez não sejam cinco, mas com certeza desejaria viver esta aventura novamente).
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