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Um ano depois de Içara ir às ruas

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Em 21 de junho de 2013 os içarenses foram às ruas de Içara para reivindicar. Pediam melhores condições no transporte coletivo, a preservação da água, implantação da taxa de controle de aterro sanitário, além da reprovação da PEC 37, redução da carga tributária, a realização da reforma política e o fim da corrupção. O movimento iniciou com a contagem de pouco mais de mil pessoas na Praça do Imigrante. A dimensão real, entretanto, foi possível apenas na descida da Rua Vitória. A massa ocupou desde a esquina da Rua Sete de Setembro até a Anita Garibaldi. Eram mais de 2,5 mil pessoas unidas com bandeiras, faixas e cartazes.

Após um ano, as mudanças na maioria não são conclusivas. Por ora, o resultado mais prático ocorreu com a reprovação do Projeto de Emenda Constitucional que retiraria poderes de investigação do Ministério Público (PEC 37). O Royalties do Lixo também virou lei. No entanto, sem aplicação. A efetividade acontecerá somente se as cidades mais próximas utilizem a mesma regra nos respectivos aterros sanitários. Na legislação municipal foi incluído ainda o depósito do carvão, contudo, com a cobrança considerada inaplicável por se tratar de um aterro industrial.

“Um ano depois eu vejo que a população começou a ter consciência de sua força. Mas os protestos com vândalos mascarados acabaram afastando quem realmente pretende fazer algo diferente pelo país. Houve uma apropriação das manifestações por um grupo de baderneiros que não representam a totalidade daqueles que estiveram no ano passado nas manifestações. A mensagem que ficou foi mais como uma mãe que diz ‘Estou só te avisando’ do que uma que fala ‘Se você não fizer vai levar umas palmadas’”, coloca um dos interlocutores do #VemPraRuaIçara, João Paulo De Luca Júnior.

“Obtivemos uma carta do bispo Dom Jacinto Inácio Flach que coloca a igreja católica contrária a exploração do carvão devido aos danos ao meio ambiente e, principalmente, a água. Está inclusive na pauta da Diocese. Já através do Ministério Público Federal foi identificado que as águas profundas tem relação com a atividade. A Justiça Federal contratou um estudo e a conclusão é que o lençol profundo e superficial estão afetados. Aguardamos agora uma providência. Esperamos também a colocação de um medidor de vazão na mina”, indica também um dos participantes do movimento, Renato Brígido.

“Criamos o conselho de Mobilidade Urbana e terminamos o projeto para 10 linhas municipais. Isto será apresentado ainda neste mês. Se tivermos aprovação, lançaremos o edital de licitação. Avançamos também com a Ferrovia Tereza Cristina para o transporte noturno de estudantes até as universidades. Com certeza ampliaremos este projeto”, coloca o prefeito Murialdo Canto Gastaldon. Devido a prorrogação fora do prazo estipulado pelo contrato de concessão do transporte público por ônibus, o Ministério Público Estadual chegou a ajuizar uma liminar. A intenção era provocar uma nova licitação. No entanto o pedido foi indeferido pela inexistência, por ora, de um ato que indicasse corrupção.

“Na minha opinião, o que motivou os protestos ano passado em todo país foi justamente os problemas verificados no transporte público. Serviço caro e com péssima qualidade. A primeira mobilização começou em Porto Alegre (RS) e logo se espalhou pelo país. Infelizmente grupos políticos (de oposição) se apropriaram do movimento e iniciaram protestos contra tudo e contra todos, mas em nenhum momento diziam contra o que protestavam. Aqui em Içara, um grupo de pessoas se reuniu justamente para cobrar a fim do monopólio de uma empresa que há muitos anos têm a concessão pública do transporte coletivo, sendo que foi prorrogada por mais 10 anos no apagar das luzes”, complementa Milton Ricardo Medeiros.

“Conversando com moradores da cidade sobre o combate a corrupção, muitos faziam questionamentos do tipo ‘não posso mais pedir um caminhão de aterro?’, ou ‘se o vereador me oferecer uma vaga na prefeitura, não posso aceitar mais?’. Nossa população grita, esperneia, manda prender, etc., mas quando a corrupção beneficia somente o vizinho. Quando este mesmo cidadão que se diz contra a corrupção acaba sendo beneficiado dela, aí o discurso muda. Pode parecer utopia, mas temas como segurança, respeito, educação, saúde e honestidade devem ser trabalhados na escola, com os pequenos, para quem sabe termos gerações futuras melhores”, pontua.

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