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Cotidiano

Uma garota pra lá de especial

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Aos 18 anos, Kelli Machado Frasson, moradora da localidade de Novo Caravaggio, é uma garota pra lá de especial. Com seu sorriso meigo, ela encanta quem a conhece. Estudante do 9º ano da Escola Municipal Maria Arlette Bittencourt Lodetti, no bairro Raichaski, desde os sete anos de idade convive com a cegueira causada por um tumor no cérebro. Para a retirada foram necessárias sete cirurgias. “Eu não lembro muito bem como foi. Só lembro que sentia muita dor de cabeça”, recorda Kelli.

Mas a cegueira não é empecilho para que ela tenha um rotina normal e com o auxílio da professora de educação especial e também amiga, Maria Isabel Luiz, a garota vai quebrando seus limites. Três vezes por semana, em média duas horas diárias, Bel está junto com Kelli na sala multifuncional da escola. No espaço a professora utiliza vários métodos de estimulação visual como a máquina de braile, um software especial para a informática, livros, entre outras coisas.

“Tento estimular ao máximo. Eu quero que ela interaja, tenha mais amigos, consiga fazer as coisas sozinhas, não seja limitada. Enfim que ela seja independente. Às vezes tenho até que puxar a orelha dela”, fala Bel entre sorrisos e acredita que esta é uma missão para ter um final feliz se faz necessária persistência. “Mais não é uma missão impossível”, aposta.

Uma novidade para Kelli na aula de informática é aprender a lidar com as mídias sociais. “Agora tenho até um Facebook. Ah também já tenho e-mail”, conta ela faceira. Só lamenta o fato do programa não oferecer a possibilidade de descrever a foto e informar, por exemplo, a cor da roupa que a pessoa está usando. “O leitor lê somente números”, conta. Mas persistente, ela tenta aprender tudo direitinho, erra, tenta novamente e assim vai fazendo suas descobertas. “A Bel me ajuda muito, gosto muito dela porque sei que ela quer o meu bem”, diz Kelli.

Em sala de aula, o auxílio vem da professora Bruna, que está sempre junto com Kelli para que ela consiga acompanhar as atividades junto com os demais colegas de turma. Questionada sobre o futuro que lhe aguarda, Kelli responde com um pouco de morosidade. “Ainda não sei o que me aguarda”, exclama. Outra amiga de Kelli é a sua bengala batizada carinhosamente por “Gerarda”. Mesmo ainda sendo um pouco reticente com o uso, é a “Gerarda” que acompanha Kelli quando resolve dar alguma voltinha.

“Às vezes esqueço dela. Tô ainda aprendendo a usar mas não tenho muita habilidade. As aulas que tive foram com um professor de Criciúma e o problema é que não vou pra lá. Eu precisava de alguém para andar comigo aqui em Içara, pois é aonde eu moro e costumo andar. Mas o problema é que não tem”, lamenta. Embora ainda com pouca liberdade para sair sozinha, Keli, Bel e a Gerarda às vezes se aventuram pelo centro. “Teve um dia que deixei ela numa calçada no centro e fiquei só espiando. Ela conseguiu andar sozinha, mas ainda é muito medrosa”, conta Bel. Segundo Kelli, o problema é de encontrar pela frente alguma árvore que toma conta da calçada, placa de anúncio, buracos. “Não há locais adequados para locomoção”, diz.