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Cotidiano

A história de um gigante

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Da janela de casa, a engenheira Silvana Cechinel vê a cidade de um ângulo quase que exclusivo. O Centro, o fluxo de automóveis na avenida Centenário, o estádio Heriberto Hülse. Mais ao fundo, observa o Morro dos Conventos e o município de Maracajá. No aeroporto Diomício Freitas, os aviões levantam voo e aterrissam. É da sacada que ela vê a vida do criciumense passar, o movimento intenso nos horários de pico e nos dias de jogo de futebol. “Não troco esse lugar por nenhum outro no mundo. Moro no melhor local que eu poderia imaginar”, expõe. Moradora do 24° andar do edifício Lucio Cavaler, a engenheira se distrai com a vista privilegiada. “No início era aquela aflição de saber tudo o que acontecia. Mas com o tempo acostuma, isso aqui é incrível”, garante.

Silvana mora no prédio desde 1982, quando se mudou com a mãe. Gostou tanto do local, que quando resolveu comprar a própria casa, priorizou um apartamento no edifício. “A vista é maravilhosa, a incidência de Sol também”, garante. Do alto, a moradora assiste aos jogos do Criciúma e a toda movimentação. “Impossível morar aqui e não torcer pelo Tigre. Assistimos às partidas daqui, é ótimo”, expõe.

Desde que se mudou para o prédio, muitos fatos ficaram marcados na memória de Silvana. Um deles, de quando ainda morava com a mãe, foi o falso alerta de incêndio. No fim da tarde, quando já estava escurecendo, faltou gás no prédio e um dos moradores colocou fogo em uma tigela com álcool. Um senhor, residente no edifício da frente, se assustou com as labaredas e ligou para o Corpo de Bombeiros, alegando que o Lucio Cavaler estava pegando fogo. Não deu outra, o pânico foi geral. “Lembro que dois caminhões dos bombeiros vieram numa velocidade louca e pararam aqui na frente. Entraram na rua contramão para apagar o suposto fogo. Foi uma loucura. Quando vi todos os vizinhos descendo correndo pela escada me desesperei e fui atrás também. Estava de roupão, mas nem notei, quando percebi já descia desesperada”, relembra, aos risos.

Foi neste momento que os bombeiros eliminaram as chances de incêndio e disseram que era alarme falso. “Foi pavoroso. Depois disso tivemos um curso de como proceder se caso o prédio realmente pegasse fogo. Na hora entramos em pânico, mas chegou a ser engraçado. Com isso aprendemos a lidar com extintor e possíveis focos de incêndio”, conta.

Torcedor fanático do Tigre, Líbero Casagrande, de 77 anos, lamenta a construção de um prédio entre o seu andar, o 15°, e o Majestoso. “Agora não dá mais pra ver o estádio, antes dava. Mas eu prefiro muito mais ir assistir aos jogos lá, é mais emocionante”, pontua o aposentado. De casa aprecia a movimentação intensa nos dias de partida, e não deixa de se emocionar a cada vez que isso acontece. “Não troco este lugar por nenhum outro. A localização é boa, tenho vista para os dois lados da cidade”, exalta.

O loca em que o edifício foi construído tem um valor sentimental para Líbero. A avó deu nome à rua: Cecília Darós Casagrande. Já o avô nomeou o museu no alto do morro, o Augusto Casagrande. “Esse pedacinho da cidade tem história e significa muito para mim. Não saio por nada, melhor lugar para morar não há”, diz.

O edifício Lucio Cavaler foi, pro muito tempo, o mais alto de Santa Catarina. Hoje ocupa a segunda colocação, com 30 pavimentos, sendo dois subterrâneos, onde estão as garagens do condomínio. Construído e idealizado por Lucio Cavaler, foi projetado em Porto Alegre e começou a ser levantado no ano de 1979. Menos de dois anos depois, em 1981, foi inaugurado no coração da cidade. “Eu queria construir naquele ponto, mas para os lados não dava, o lote era daquele tamanho. Então me dei conta de que para cima eu podia construir e ninguém me impediria”, comenta.

Na época, fala, foi difícil até mesmo encontrar pessoas para trabalharem na obra, haja vista que ela era muito alta. As dificuldades foram grandes, mas vencidas com bastante trabalho. “Eu não desisti e fui em frente, até que finalmente saiu do papel e foi inaugurado. Muita gente me pergunta se ele não balança, não treme em dias de tempestade, e a resposta é sempre a mesma. A Terra também não gira? Gira, e ninguém sente. Com o prédio acontece a mesma coisa. Ele pode até balançar, mas somente é perceptível com aparelhos e equipamentos próprios para isso. Ele é alto, mas muito seguro”, expõe.