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Cotidiano

Mobilização regional começa por Criciúma

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Sob a água que insistia em cair ao fim da tarde, a indignação de milhares de criciumenses foi lavada, expurgando revoltas coletivas que pareciam há muito tempo sufocadas. Saúde e educação precárias, passagem cara, corrupção, inflação, desigualdade... Reivindicações que se contrapunham com o orgulho declarado do predominante verde e amarelo. Como previsto, o #VemPraRuaCriciúma começou a ganhar a cidade às 18h30min, partindo do Parque das Nações. Momentos antes de avançar à Centenário, o grupo evocou em uníssono o Hino Nacional. Foi a primeira vez de pelo menos cinco em que o canto foi ecoado na quinta-feira, dia 20.

À medida em que evoluía o movimento, novos adeptos somavam forças à multidão. O apoio se estendia também aos edifícios e estabelecimentos comerciais pelo piscar constante das luzes, mobilizando, inclusive, o gigante Lúcio Cavaler. O relógio da Assembleia de Deus marcava 19h24 quando os manifestantes chegaram ao ponto que fecharia o ato. No entanto, após cantar o Hino Nacional, a multidão seguiu desbravando as ruas, em direção ao Paço Municipal. No local, os cânticos permaneceram e cartazes foram colados.

Ao longo das mais de três horas de protesto, princípios isolados de vandalismo, como bombas estouradas no Terminal Central e golpes nas vidraças da prefeitura, foram coibidos pelos clamores dominantes. Contudo, entre os brados emanados, prevaleceu a convocação “vem pra rua” e o cântico “sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”.

A emoção foi o mecanismo utilizado por Mara Rejane, 49 anos, para ensinar democracia à neta Alice, de 9 anos. Para elas, a mobilização iniciou às 18 horas, sem hora para acabar. Trajadas pelo verde e amarelo, elas percorreram o trajeto de mãos dadas, assim, construindo a expectativa de aprendizado pleno. “Quero que ela leve isso para a vida, aprenda. Esta geração é o nosso futuro”, mencionou.

Testemunha da era Collor, Fabiana Coelho acompanhou os dois filhos, de 13 e 16 anos. “Eles queriam participar e eu achei ótimo. Estamos vivendo a possibilidade de uma nova era. É uma coisa linda de se ver”, pontuou. Ainda na concentração da passeata, os organizadores solicitaram a isenção de bandeiras partidárias e outras demonstrações que pudessem comprometer a imparcialidade do ato. “Nosso partido é o Brasil”, salientava-se no alto falante.

Como cidadão, o delegado regional Jorge Koch se fez presente. “Estamos em um momento de unidade, de as pessoas de bem colocarem para fora suas reivindicações”, disse. O padre Antônio Júnior, da paróquia São José, também se uniu à multidão. “Nós, como Igreja, queremos apoiar essa manifestação, pedindo que o dinheiro público seja administrado em prol do bem público, coisa que não temos visto no nosso Brasil”, enalteceu. Vivendo em uma família de políticos, Jorge Teixeira aderiu a uma máscara do personagem humorístico Chaves. Foi uma noite esperada há muitos anos, segundo ele. “Precisamos acabar com essa corrupção. Os políticos ficam mais de 40 anos no poder. Ainda tenho esperança de ver o Brasil melhor”, considerou.