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Cotidiano

Simone Cândido: Uma trajetória de amor de João e Maria Raichaski

Uma história de amor que está presente na história de Içara

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Zigmundo Raiciki, avô de João nasceu na Polônia, casou-se aos 23 anos e, como fruto deste casamento, nasceram duas meninas Maria e Júlia. Em tempos de guerra servia a pátria. Quando sua esposa adoeceu vindo a falecer, ficando ele com as duas meninas e sem ter ninguém para cuidar foi liberado para cuidar de ambas, tendo o compromisso de assim que fosse possível casar-se novamente e então voltar a cumprir sua missão.

Casou-se então com Madalena Bielinsk, foi liberado do exército, dando baixa e veio para o Brasil, encaminhado pelo próprio exército.
Chegaram ao Brasil pelo porto de São Francisco, indo de barco até Laguna e de lá para Cocal do Sul. Tiveram oito filhos entre eles André Raiciki pai de João que casou com a colombiana Estanislava Colombieski ambos com 14 anos na época.

Após o casamento foram morar em Cocal do Sul. Alguns tempos depois requereram terras em Santa Cruz, venderam as terras requeridas e com o dinheiro levantado compraram terras na região de Linha Anta, onde passaram a morar.

Como fruto da união de André e Estanislava nasceram quatro filhos entre eles João Raiciki, nascido em 10/10/1923 (sendo que no registro do cartório consta 10/11/1923 .(devido registrar tardio por parte dos pais).

Nas terras compradas com vários tipos de plantações, trabalhavam para o sustento da família, plantavam para comer e o que sobrava era trocado por outros produtos.

Em 1943 mudou- se para essa região de Linha Anta uma família italiana, João Pizzetti e Olivia Dassoler que tinha uma filha de nome Maria Pizzetti, tocavam engenho e serraria.

Maria nasceu em quinze de agosto, mas foi registrada em dezesseis de agosto de 1923. João Raiciki e Maria Pizzetti se conheceram, pois moravam perto, eram vizinhos. Ele trabalhava na lavoura com os pais e ela no engenho.

João ia frequentemente no engelho moer milho, ambos tinham 15 anos, se conheciam, mas não havia nenhum interesse por parte dos dois. Cinco anos depois, ambos com 20 anos numa festa da capela trocaram olhares, meia dúzia de palavras, e foi o suficiente para ele criar coragem e ir na casa dela pedir em namoro aos pais.

Namoraram durante um ano e casaram-se com 21 anos em 14/09/1944 , na igreja São Donato o casamento foi realizado padre Pedro Baldocine.

Maria logo engravidou e nasceu o primeiro filho, o bebê tinha apenas oito meses quando João foi convocado a servir o exército.

Nas chamadas diárias realizadas no quartel ficou mais de um mês sem responder, pois, chamavam pelo sobrenome errado. Foi quando observaram um erro que mudaria sua vida. O escrivão do quartel errou no seu registro e trocou seu sobrenome, ao invés de Raiciki, escreveu Raichaski. A partir daí foram em vão suas tentativas para correção do mesmo.

João Raichaski, na época procurou pessoas influenciáveis e foi até Florianópolis para ter seu sobrenome verdadeiro. Esse foi um fato que marcou muito sua vida, deixando uma profunda tristeza e até mesmo revolta por não ter o sobrenome de seu pai.

Teve que mudar inclusive o sobrenome de seu primeiro filho Antônio Raiciki de oito meses para Antônio Raichaski.

E assim logo vieram os demais filhos: Vanilda Raichaski, Armerindo Raichaski, Valdina Raichaski, Terezinha Raichaski, Valdemar Raichaski, Clarinda Raichaski, Valmor Raichaski ( falecido aos nove anos em um acidente ) , Claudina Raichaski, Adelina Raichaski, Valério Raichaski e Maria Marilene Raichaski.

João trabalhou como mineiro por 17 anos. Depois dois anos com engenho. Comprou umas terras nas Canjicas e mudou para lá com a família e plantou milho, perdeu toda a plantação numa enchente que transbordou o rio Araranguá. Após esse fato, vendeu e voltou para Linha Anta. Comprou uma fábrica de café, ao qual deu o nome do apelido de sua primeira filha Vanda. O café Vanda ficou bem conhecido em Içara. Ficou com a fábrica de café por um ano e fez negócio com seu pai que comprou a fábrica para outro filho.

Com o dinheiro da venda o João comprou e também herdou as terras do seu pai na Linha Ribeirão em 1953. Ele construiu uma casa, (onde hoje passa a SC 445) nessa época o casal tinha seis filhos começaram a plantar batatas e milho. Trabalhou alguns anos com plantação e depois construiu duas estufas de fumo ao qual junto com os filhos trabalharam por anos.

Enquanto João trabalhava com fumo, Maria ajudava plantando e vendendo verduras. Com 35 anos ela começou sua plantação de verduras. Acordava antes do sol raiar para colher e arrumar tudo na carroça, vendia as verduras em porta em porta em Criciúma, a maioria das suas clientes eram as esposas dos médicos de Criciúma. Tinha um grande amor pelo seu cavalo Alazão. Vendeu verduras de carroça por 20 anos.

Aos 55 anos tirou a carteira de motorista e comprou um carro (fusca), assim começou a fazer suas vendas de carro, trabalhou por mais quatro anos e parou de plantar para vender. Ai só plantava para consumo próprio o que faz até hoje. Claro que hoje planta bem pouco pois já tem 98 anos.

A maior tristeza do casal foi perder seu filho Valmor de nove anos quando retornava da escola em um acidente. João precisou desmanchar as estufas, pois iria abrir a estrada, onde hoje é a SC 445. Os filhos não tiveram oportunidades de estudar pois tinham que trabalhar. Somente a filha mais nova, estudou e se formou professora.

A família sempre foi muito religiosa todos os domingos pela manhã com chuva ou sol, todos acordavam cedo para ir à missa, sem reclamar, sem desculpas. Assim a família foi crescendo com muito amor e bons exemplos.

Junto com os filhos decidiram lotear as terras, foi no ano de 1977. O loteamento se chamava Parque Residencial Raichaski. Na doação para área verde foi construída a creche, onde hoje é a Escola Maria Arlete Lodetti.

O loteamento Raichaski é correspondente a Rua Anselmo Dias a Jovino Bitencourt e Nereu Ramos e SC 445. A denominação do bairro Raichaski foi criada pela própria população por uma necessidade de melhor se localizarem, sendo que os loteamentos vizinhos foram incorporados. Em 1989 passou a ser chamado bairro Raichaski.

Essa linda história de vida não termina aqui. Na próxima semana teremos a continuação.