Soma dos bens e serviços finais produzidos no país, o Produto Interno Bruto do Brasil chegou a R$ 8,7 trilhões em 2021, representando um aumento de 4,6% frente ao ano anterior. Mas será que o crescimento econômico chegará aos mesmos patamares em 2022?
Por enquanto, a projeção do mercado financeiro aponta alta de 2,26% neste ano, diante de 2,10% estimados na semana anterior, de acordo com o Boletim Focus divulgado na segunda-feira, dia 5. A elevação ocorreu após o IBGE divulgar que o PIB cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022, comparado ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. Em valores correntes, totalizou R$ 2,4 trilhões no período. No ano, o PIB acumula alta de 2,5% na comparação com o primeiro semestre de 2021.
O setor da economia que registrou maior crescimento no segundo trimestre foi a indústria (2,2%), seguida pelos serviços, que avançaram 1,3%, e a agropecuária, que expandiu 0,5%. Considerando o semestre, houve desempenho negativo na agropecuária (-5,4%) e positivo na indústria (0,2%) e nos serviços (4,1%).
Consumo
A despesa de consumo das famílias cresceu 2,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior. O resultado foi influenciado por diversos fatores, como o crescimento da massa salarial real, o aumento do crédito a pessoas físicas, além do saque extraordinário do FGTS e antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS.
Indicadores
Em linhas gerais, o PIB reflete o que já vinham apresentando outros indicadores, como o aumento na abertura de empresas e no estoque de empregos formais, bem como o crescimento em diferentes setores da economia.
Por outro lado, ainda sofre os impactos de uma inflação alta (embora em tendência de queda) e taxas de juros elevadas, justamente para conter a inflação.
O desempenho nos dois últimos trimestres do ano também será impactado por fatores como os auxílios financeiros concedidos pelo Governo Federal a partir de agosto – a caminhoneiros e taxistas, por exemplo – e sobretudo pelas eleições.
Análise
De acordo com a nota informativa Continuidade da retomada e sustentabilidade da atividade econômica, da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, o carregamento estatístico do primeiro semestre deste ano aponta um crescimento de 2,4% para 2022.
O estudo avalia que o resultado do PIB no segundo trimestre mostra a consolidação da retomada da atividade econômica no país, mesmo com os impactos do conflito do Leste Europeu e os efeitos remanescentes da pandemia.
A secretaria registra na nota que os analistas do mercado revisaram sistematicamente suas projeções para o PIB de 2022, ampliando o crescimento esperado, cuja mediana passou de 0,3% no início do ano para mais de 2% no fim de agosto, motivados pelos resultados positivos dos indicadores de atividade, principalmente os relacionados a serviços, mercado de trabalho e investimentos.
Salários
Outro assunto que ganhou destaque nos últimos dias foi a apresentação do projeto da Lei Orçamentária de 2023, enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional na semana passada. Entre os principais pontos está o novo salário mínimo, que passaria a R$ 1.302 a partir de janeiro.
Mesmo sendo R$ 8 mais alto que o valor de R$ 1.294 aprovado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o salário proposto não representa ganho real. Além disso, o reajuste pode ficar abaixo da inflação, dependendo de como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor vai terminar o ano. Com a alta de itens básicos, como alimentos e combustíveis, a previsão para o INPC em 2022 saltou de 4,25% no início do ano para 7,41%.
Auxílio Brasil
A proposta para o Orçamento da União para 2023 estima que, no ano que vem, o valor do Auxílio Brasil será de R$ 400. A Emenda Constitucional 123, promulgada pelo Congresso em julho, assegura o pagamento de R$ 600 até 31 de dezembro deste ano. A partir de janeiro, caso não haja uma nova mudança na legislação, o benefício volta a R$ 400. Para manter o valor pago atualmente, a União terá que buscar outros recursos, pelo menos R$ 52 bilhões a mais do que está previsto no projeto.
O projeto da Lei Orçamentária Anual começou sua tramitação no Congresso Nacional pela Comissão Mista de Orçamento. Depois de discutida e aprovada na comissão, a proposta precisa ser referendada pelo Congresso.
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