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Economia

Andreia Limas: Após mais de dois anos, país tem deflação

Inflação de julho ficou em -0,68%, frente a -0,38% registrado em maio de 2020, no auge da pandemia

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Confirmando as previsões do mercado, o Brasil teve deflação em julho, algo que não ocorria há mais de dois anos. Divulgado nessa terça-feira, dia 9, pelo IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo teve variação mensal negativa de 0,68%, frente a -0,38% registrado em maio de 2020, a última vez em que o país havia tido deflação.

Vale lembrar que, naquela época, vivíamos o auge das restrições, fechamentos e suspensão de atividades econômicas por conta da pandemia da covid-19. Agora, há outras explicações para a queda.

Juros

A primeira delas é a elevação da taxa básica de juros, a Selic, pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central. Na reunião da semana passada, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a Selic de 13,25% para 13,75% ao ano, no 12º aumento consecutivo.

Com isso, a taxa alcançou o maior patamar desde novembro de 2016, quando estava em 14%. O Comitê voltará a se reunir em setembro, para avaliar a necessidade de um novo reajuste.

Elevar os juros significa encarecer o crédito, desestimulando o consumo, o que diminui a pressão inflacionária sobre os preços e resulta em queda na inflação. A expectativa do mercado é que a inflação feche o ano em 7,11%, conforme o Boletim Focus divulgado nesta semana.

Combustíveis e energia

Outro reflexo direto na queda da inflação vem da redução dos preços dos combustíveis e da energia elétrica, após a limitação sobre a cobrança do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelos estados.

Sobre a energia também foi tirado o peso das bandeiras tarifárias, que foram da cobrança extraordinária pela escassez hídrica à bandeira verde, sem adicional pelos custos de geração, em vigor em julho e já definida também para agosto.

Menor taxa desde 1980

A taxa registrada em julho foi a menor do IPCA desde o início da série histórica, em janeiro de 1980. E também contribuiu para que a alta da inflação acumulada no ano reduzisse para 4,77%. Porém, nos últimos 12 meses, a inflação segue acima dos dois dígitos, agora em 10,07%.

Segundo o IBGE, dos grupos de produtos e serviços pesquisados, dois apresentaram deflação em julho, enquanto os outros sete tiveram alta de preços.

Transportes e habitação

O resultado do mês foi influenciado principalmente pelo grupo dos Transportes, que teve a queda mais intensa (-4,51%), e contribuiu com o maior impacto negativo (-1,00 ponto percentual) no índice de julho. A desaceleração deve-se, principalmente, ao recuo no preço dos combustíveis (-14,15%), com a gasolina caindo 15,48%, o etanol 11,38% e o gás veicular 5,67%. O único combustível com alta em julho foi o óleo diesel (4,59%), acima do mês anterior, quando subiu 3,82%.

Além disso, também houve recuo nos preços do grupo Habitação (-1,05%), com impacto de -0,16 ponto percentual. A redução está relacionada especialmente à queda da energia elétrica residencial (-5,78%), de acordo com o IBGE.

Alimentação

A maior variação positiva, por sua vez, veio de Alimentação e bebidas (1,30%), que acelerou em relação a junho (0,80%), contribuindo com 0,28 ponto percentual. O destaque ficou com a alimentação no domicílio, que acelerou de 0,63% em junho para 1,47% em julho. O maior impacto positivo no índice do mês veio do leite longa vida (25,46%), cujos preços já haviam subido 10,72% no mês anterior.

Além disso, os preços de alguns derivados, como o queijo (5,28%), a manteiga (5,75%) e o leite condensado (6,66%) também subiram, contribuindo para o resultado observado no mês. Outro destaque foram as frutas, com alta de 4,40%.

INPC

Base da inflação para famílias com renda mensal de até cinco salários mínimos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC – teve queda de 0,60% em julho, a menor variação registrada desde o início da série histórica, em abril de 1979. No ano, acumula alta de 4,98% e, nos últimos 12 meses, de 10,12%, influenciado principalmente pelo preço dos produtos alimentícios.

Setor químico

Quem aguardava com expectativa a divulgação do INPC de julho eram os trabalhadores das indústrias químicas da região, que têm data-base em 1º de agosto. Eles esperavam o índice para fechar a inflação do período e definir a base de negociação com os representantes das empresas.

Entregues à classe patronal em junho, os pleitos da categoria têm entre os principais pontos a reposição da inflação e ganho real nos salários; valorização do Programa de Lucros e Resultados (PLR) e do piso salarial; inclusão das gestantes e puérperas afastadas para licença maternidade no PLR e manutenção das demais cláusulas sociais, de segurança no trabalho e econômicas da atual convenção coletiva.

A primeira rodada de negociações ocorreu na segunda-feira, dia 8, sem aprofundar o debate em torno de cláusulas específicas. Uma nova rodada está agendada para segunda-feira da próxima semana (15).