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Economia

Andreia Limas: Por que a inflação voltou?

Após recuo nos meses de julho, agosto e setembro, IPCA fechou outubro com alta de 0,59%, puxada pelo grupo Alimentação e bebidas

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Depois de registrar deflação de 0,68% em julho, 0,36% em agosto e 0,29% em setembro, o Brasil voltou a ter inflação em outubro, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechando o mês em alta de 0,59%. Com isso, o acumulado no ano chegou a 4,70% e, nos últimos 12 meses, a 6,47%.

Mas o que provocou essa oscilação? Segundo o IBGE, que realiza a pesquisa, o grupo Vestuário teve a alta mais intensa, 1,22%, porém, a maior influência no índice geral veio de Alimentação e bebidas, com crescimento de 0,72% e impacto de 0,16 ponto percentual no índice geral. Na sequência das maiores influências estão os grupos de Saúde e cuidados pessoais (1,16% e 0,15 ponto percentual) e Transportes (0,58% e 0,12 ponto percentual).

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta no mês. Apenas Comunicação teve queda, de 0,48%.

Alimentos

A alta nos alimentos foi puxada pela alimentação no domicílio (0,80%), com a batata-inglesa subindo 23,36%, o tomate,17,63%, a cebola, 9,31% e as frutas, 3,56%. Entre as quedas, destaque para o leite longa vida (-6,32%), que já havia recuado 13,71% em setembro, e o óleo de soja (-2,85%), que marcou a quinta queda consecutiva.

Combustíveis

Já em Transportes, cujo índice passou de queda de 1,98% em setembro para alta de 0,58% em outubro, as passagens aéreas subiram 27,38% e o preço dos combustíveis recuou 1,27%, diante da queda de 8,50% no mês anterior. A gasolina (-1,56%), o óleo diesel (-2,19%) e o gás veicular (-1,21%) seguem trajetória de queda, mas o etanol registrou alta de 1,34%.

INPC

Usado para cálculo da inflação para as famílias com renda mensal de até cinco salários mínimos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,47% em outubro. No ano, o indicador acumula 4,81% e, nos últimos 12 meses, 6,46%. Os produtos alimentícios passaram de queda de 0,51% em setembro para alta de 0,60% em outubro.

Surpresa?

O Brasil registrar inflação não é exatamente uma surpresa. No entanto, a tendência de queda era esperada com a manutenção da taxa Selic no mais alto patamar da história. Como já comentei diversas vezes neste espaço, a política de aumentar os juros para reduzir a pressão inflacionária é uma estratégia que vem sendo adotada pelo Banco Central desde o ano passado. E surtiu o efeito esperado, uma vez que conseguiu baixar a inflação dos dois dígitos.

Nas últimas reuniões, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu não mexer na taxa básica de juros e a expectativa era, até mesmo, de começar uma sequência de baixas. Porém, com a volta da inflação, essa redução não deve ocorrer tão cedo e ainda há o risco de novos aumentos.

“O Comitê enfatiza que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, diz a ata de outubro. A próxima reunião do Copom está agendada para o início de dezembro.

Projeções

As projeções mostram que o mercado financeiro acredita na manutenção da Selic a 13,75% até o final do ano, conforme o Boletim Focus divulgado na segunda-feira, dia 21. Para a inflação, a estimativa é de que feche 2022 em 5,88%, o que representa a quarta elevação nas projeções nas últimas quatro semanas.

Embora bem menor que os 10,06% acumulados em 2021, se ficar em torno dos 6%, a inflação vai novamente ultrapassar o teto da meta estabelecida para este ano, de 3,5%, com possibilidade de variação de 1,5% para mais ou para menos.

Distorção

O IBGE divulgou na semana passada o PIB dos estados brasileiros, referente a 2020. Ou seja, de quase dois anos atrás e com uma pandemia no meio. Dessa forma, é muito difícil realizar qualquer tipo de análise, pois esses dados estão muito longe de espelhar a realidade atual. O IBGE precisa corrigir essa distorção, encurtando o prazo para divulgação dos dados. O PIB nacional é divulgado três meses após o fechamento do ano.