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Sou professora de História da rede estadual em Santa Catarina e estou em greve juntamente com os demais colegas. Um dos motivos dessa greve é a implantação do piso salarial nacional em nosso Estado. Estamos vivendo um momento que jamais imaginávamos enfrentar em nossas vidas profissionais. A implantação do piso está sendo uma afronta a nossa categoria.

O governo do Estado se nega a implantar o piso na carreira, ou seja, da forma como o governo está fazendo, professores que iniciam agora na profissão ganharão o mesmo que um professor em fim de carreira. Acreditamos ser isso uma injustiça e um desrespeito não só com os trabalhadores em educação como com nossos alunos/as. Sem falar em outras questões estruturais que nos fazem travar uma luta constante para garantir qualidade de ensino aos nossos alunos e alunas.

O nosso plano de carreira que era ruim, já não existe mais. Escrevo essas palavras com uma profunda tristeza e choro ao lembrar-me da professora cheia de sonhos que há vinte anos ingressou nesta carreira acreditando que poderia contribuir na formação do cidadão brasileiro e ajudar a construir uma sociedade mais justa e igualitária. E acredito sinceramente que tenho contribuído. Mas o magistério não é sacerdócio.

Existem as questões práticas de nossas vidas que precisam ser supridas com um salário digno. Estudamos porque acreditamos em nossa profissão. Nós acreditamos. Quem não acredita é Governo de Santa Catarina ao destruir nosso plano de carreira.

Qual a motivação para continuar nesta profissão? O governo com essa medida divide os trabalhadores em educação entre os que receberão aumento de salários e os que não receberão. A medida provisória que foi encaminhada para Assembléia Legislativa se for aprovada, e é possível que seja, pois o governo Colombo tem maioria, dará o golpe de misericórdia em nossa categoria. Como explicar aos nossos alunos/as que não é mais necessário estudar e se aperfeiçoar para ser um professor? Que respeito teremos deles?

Anos atrás quando a LDB foi aprovada ela previa que todos os professores sem formação deveriam ingressar na universidade e concluir o ensino superior. Assim fizeram muitos professores. Era uma exigência da lei maior. Outros, já formados, buscaram uma especialização, mestrado, doutorado. Hoje nos perguntamos para quê? Para um governo sem responsabilidade alguma com a educação colocar tudo isso por terra.

Lembro-me de sua campanha às vésperas da eleição. Não tinha proposta alguma de valorização dos profissionais da educação. Quando questionado sobre o piso, sua resposta foi de que se o piso fosse implantado os professores sairiam perdendo. Aí está a questão. Na época Raimundo Colombo já sabia o que fazer caso fosse eleito, e caso o Supremo Tribunal determinasse o pagamento do piso como salário e não como remuneração.

Ele foi eleito, e aí está o seu governo com o slogan “As pessoas em primeiro lugar”. Acreditamos então que os trabalhadores em educação na visão do senhor governador não se encaixam na categoria “pessoas”. Não estamos em primeiro lugar, estamos em último. E isso me faz pensar sobre o que diz a propaganda da campanha pela valorização do professor do Movimento “Todos pela Educação” e pergunto se:

“No brilho de uma ferrovia / (um bom professor) /No bisturi da cirurgia / (um bom professor) / No tijolo, na olaria, no arranque do motor / Tudo que se cria tem um bom professor”, por que nosso salário não se equipara com os salários desses profissionais?

Ou se: “A base de toda conquista é o professor / A fonte de sabedoria o professor / Em cada descoberta, cada invenção / Todo bom começo tem um professor”, por que somos tratados com tanto desrespeito?

Fico a imaginar sobre o que diriam as autoridades que receberam nosso governador na Alemanha se soubessem que no Estado que ele governa os trabalhadores em educação estão em greve para garantir que o piso seja aplicado na carreira? E ele? Que foi buscar parcerias com a Alemanha não se envergonha de submeter-nos a essa humilhação?

Não, claro que não. As parcerias que busca visa apenas lucros para nosso Estado. A educação não faz parte disso. A educação assim como a saúde não produz lucros e sim despesas na visão do governo. Teria pelo menos obtido informações de quanto ganha um professor na Alemanha? Não claro que não.

Diante disso tudo a única alternativa encontrada pela categoria foi a greve. Espero que sejamos fortes para enfrentar todas as arbitrariedades do governo que ainda virão. Não podemos esquecer jamais que todos os direitos foram conquistados com muita luta, nado nos foi dado de “mão beijada”. Por isso, temos um compromisso com aqueles que vieram antes de nós e com os que virão depois de nós: manter os direitos já conquistados e lutar pela sua ampliação. Não podemos deixar o governo desrespeitar nossa categoria dessa forma.

Este texto foi escrito na esperança de sensibilizar as pessoas para que nos apóiem. Para que nos ajudem a mostrar que nossa luta é legal, é legítima, é justa.