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Esportes | 14/05/2011 | 07:34

Do Ipiranga ao Colorado Içarense

Derlei Catarina De Luca - derlei.deluca@canalicara.com

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Os dois grandes times de futebol de Içara foram Ipiranga e Caiçara. Jovem que se prezasse, de família, morador do Centro ou de bairro tentava jogar em um dos dois times que se revezavam como vencedores nos campeonatos. Domingo à tarde a moçada se reunia para assistir aos jogos.

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O Ipiranga foi fundado lá pelos anos 37 ou 38. Período da juventude de Higino Borges, Silvino De Luca, Antonio Colonetti, Zequinha Garcia, Quintino Rizzieri, Ildo Alves. Valdemar Bittencourt era o patrono da equipe. Jovens que marcaram época e hoje são lembrados como nomes de ruas, escolas e até ginásio esportivo no município.

Funcionava junto do clube do mesmo nome e as partidas eram realizadas numa planície; a beira do rio, onde passavam os trilhos da Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina, num terreno do senhor Hector Valvassori. O Ipiranga jogava com times de outras cidades e participava dos campeonatos. Em 1964, a diretoria decide não mais permitir aos jogadores de outros times o uso de suas dependências para trocar a roupa depois dos jogos.

Criou-se um impasse. Como acertar os jogos sem lugar para trocar de roupa? As discussões prosseguiram e o time rachou. Os mais jovens, indignados, no dia 6 de janeiro reuniram-se no Bar Central, na Rua Marcos Rovaris e fundaram a Sociedade Esportiva e Recreativa Caiçara. Ladair Colle, Ângelo De Luca Pizzetti, Romário Bittencourt, Valdir Lodetti, Adelor Cabreira (Loro), Osvaldo Bittencourt – Copa, Felix Pizzetti e outros. O nome foi proposto pelo Bona – Bonifácio Espíndola.

Na ata de fundação eles escrevem que a Sociedade se dedicará a atividades esportivas e sociais sendo que “o quadro de sócios deverá ser de todos os credos, cor, ideologia, política sem qualquer discriminação”. A primeira diretoria foi assim constituída: Presidente Ladair Colle, vice-presidente Moacir Antonio Pavei, lº secretário Osvaldo Candido Bitencourt, 2º secretário Adelir Cabreira, lº tesoureiro Romário Bittencourt, 2º tesoureiro Valmor Santana e Valdir Lodetti se responsabiliza pelo departamento esportivo que era o que lhe interessava.

Para treinar e jogar conseguiram um terreno vazio de propriedade do senhor Diomício Freitas. Antônio Colonetti, da UDN, coletor estadual, foi quem fez a negociação. O Caiçara poderia construir seu campo de futebol em troca os jogadores votariam nele para deputado federal. Foi a primeira briga entre Valdir e seu pai, Ângelo Lodetti. Diomício Freitas também era da UDN e candidato a deputado federal. Ângelo Lodetti era do PSD, e fazia campanha para Joaquim Ramos do seu partido.

“Quem é que vai dar o campo? Ele vai dar o campo, votamos nele”, esbravejava Ângelo Lodetti em cobrança do filho que, entre política e futebol, escolheu o futebol. Passada a eleição, Valdir procurou o pai, fiscal da Prefeitura de Criciúma, cujo prefeito, Néri Jesuíno da Rosa, fora eleito pela Aliança Social Trabalhista. Precisavam de máquinas para aplainar o terreno. Seo Ângelo mandou então as máquinas para Içara, pertencente ao município de Criciúma.

Logo em seguida, a Companhia Mineradora junto com a Estrada de Ferro constroem uma caixa de carvão e uma ramificação do trem para buscar o minério. Os trilhos passavam justamente no meio do campo. Valdir entra em campo outra vez. Não em campo de futebol. Em campo de política. Procura Antonio Colonetti (UDN) para conseguir ampliar o terreno do Diomício Freitas. O terreno cedido tinha um barranco que precisava ser retirado.

Procurou o pai (PSD) para conseguir as máquinas. Lá estava o Caiçara com seu campo de futebol, demarcado, gramado, com as traves, só esperando os gols. Valter e Nane Possamai, Copá, Lili Cabreira, Tarcisio Fernandes, Arnaldinho Lodetti, Julio César De Luca, Gentil Dori da Luz, Carlos Alberto Pavei, João Cizeski, Nivaldo Valvassori, Valmor da Silva, Santos da Silva, Heitor Valvassori, Rafael Mazzuchello, Adilson Fernandes, Henrique Guglielmi, Arilton Fernandes, José Dionísio Cardoso, Ademio Pavei, Valmor Manoel Pacheco, José Guessi, Gilberto Lima, Valmor Biff. Centenas de jovens içarenses defenderam a camisa do Caiçara e fizeram parte das suas diretorias ao longo destes anos e como foi decidido na primeira reunião o time aceita todos os credos e ideologias.

O Caiçara se expandiu, fez nome, participou dos campeonatos da LARM, teve jogadores do Centro e torcedores fiéis. Valdir Lodetti deixou o campo, mas ainda permanece no futebol. Em 1974, como juiz, foi apitar uma partida. Ex-jogador do Caiçara, era esperado que torcesse pelo time. Os jogadores se sentiram à vontade em jogar pela bola e pelo soco.

Deguinho, jogador do Caiçara cometeu uma falta grave e Valdir o expulsou de campo. Miúdo, baixinho, valente, o jogador se recusou a sair. Valdir, com a altura que Deus lhe deu e os braços que o futebol lapidaram pegou então seo Deguinho no colo e carregou ele pra fora do campo. Joga-o num valo e mandou o jogo prosseguir. Que ninguém mais se atrevesse a desafiar o juiz, autoridade absoluta no campo.