Esportes | 18/04/2012 | 00:54
“Eu vim aqui para vencer”, diz Gilmar
Carlos Rauen - carlos.rauen@canalicara.com
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Nascido em Ubatã, na Bahia, Gilmar Silva Santos começou a carreira no Vitória. Passou por Santos, Tokyo Verdy no Japão e em 2009 foi destaque do Náutico na Primeira Divisão Nacional com dez gols marcados. O clube pernambucano rendeu então o retorno ao exterior. Conseguiu um contrato com o Guingamp da França.
Em 2010, Gilmar teve constatada uma arritmia cardíaca nos exames médicos que fez para acertar com o Corinthians. Por causa disso ficou parado até o final do ano. Retornou aos gramados somente pelo Grêmio Barueri. Já em 2012, acertou com o Avaí e disputou apenas duas partidas antes de se envolver em uma confusão com o ex-técnico do Leão, Mauro Ovelha.
Devido ao descontentamento foi punido com o afastamento do jogador. Logo em seguida acertou com o Criciúma. Gilmar disputou as partidas da Copa do Brasil pelo tricolor e já marcou um gol. Agora espera o início da Segunda Divisão do Brasileirão para voltar a ter jogos oficiais. A carreira e a confiança para o início da Segundona foram esmiuçadas em entrevista ao Canal Içara.
“Cheguei aqui e os torcedores me receberam muito bem. A mensagem que eu tenho para eles é que temos que nos fechar. Precisamos formar uma aliança aqui em Criciúma: jogadores, comissão técnica, diretoria e torcedor. E o torcedor é fundamental no objetivo do Clube este ano, que é o acesso. Peço a esse torcedor que venha nos incentivar no estádio e não deixe de acreditar. Eu tenho certeza que esse time no Brasileiro vai dar a resposta positiva a todo o torcedor”, relata o atacante. Confira o bate-papo:
Você já se adaptou a cidade? Já é reconhecido na rua?
Sim, a cidade é boa. Desde a minha chegada os torcedores vem com palavras de incentivo e a adaptação é fácil. A gente que tá nesse mundo de um dia estar em um lugar outro dia está no outro temos a obrigação de adaptar rápido. E cidade pequena é mais fácil.
Em 2009 você atingiu a vice-artilharia do Náutico na Primeira Divisão e logo após acabou na França. Foi a escolha certa?
A situação foi boa. Lógico que hoje se você me perguntar se eu me arrependo ou não de ter saído do Náutico eu me arrependo porque estava vivendo uma boa fase, sendo artilheiro do Brasileiro. Por esse lado eu me arrependo, mas por outro lado não. Tive uma experiência muito boa na França e agora espero repetir essas boas partidas com a camisa do Criciúma.
No Corinthians foi constatada uma arritmia cardíaca nos seus exames médicos. Como foi isto?
Quando cheguei em 2010 para fechar contrato com o clube jamais tinha passado pela minha mente que eu teria um problema desse tipo. Já tinha jogado por outros clubes e nunca tive um problema semelhante a esse. Logo quando eu tive essa notícia fiquei um pouquinho assustado. Mas em seguida comecei a conversar com alguns médicos e em um mês e uma semana fui indicado para outros clubes que tinham interesse em minha contratação, entre lêss, o Fluminense, Sport, Náutico. Todos falaram com o doutor Nábil [médico do Corinthians]. Eu tinha arrancado dois dentes nas férias e deu uma infecção que foi para o coração. Graças a Deus esse problema foi resolvido rápido e logo voltei a jogar pelo Prudente na Série A.
E na França, como foi sua experiência?
Com a camisa do Guingamp fiz seis gols. Para mim foi boa a adaptação. O futebol é diferente, a cultura é diferente, foi meu primeiro ano no país. Queira ou não queira muda muito. Às vezes a gente aqui no Brasil acha que o jogo muda pouco, mas muda bastante. Eu estava acostumado com o estilo de jogo do Brasil, um futebol leve, um futebol moderno. Aqui os times não tem medo, jogam com dois, três atacantes e lá eles jogavam com um atacante só. Então tive essa dificuldade no início, mas depois comecei a me entrosar, entender francês, mas logo acertei minha transferência com o Corinthians.
No Avaí você teve uma confusão com o técnico Mauro Ovelha. Achaste este afastamento justo?
Eu queria primeiramente agradecer a Deus e também ao Avaí que acreditou e apostou em mim. Eu fiquei parado um mês e meio até chegar ao Avaí. Eu não estava parado, só não estava atuando. Fiquei treinando um mês para atuar. Para mim isto não existe. Este tempo ai é para pessoas machucada e eu não estava com lesão, estava normal. Quando eu cheguei ao Avaí me falaram para treinar normal. Tive uma pequena diferença na perna direita para a esquerda, o que é normal. Todo o atleta que fizer vai ter isso. Me passaram que eu tinha que recuperar isso e comecei a estranhar. Ouvi entrevistas de pessoas da comissão falando que eu estaria apto a jogo de trinta a quarenta dias. Perguntei o porquê disso já que estava bem, não tava machucado. Daí quando eu comecei a jogar teve algumas coisinhas com o treinador e começou a rolar um estressezinho.
E no jogo do Criciúma, que você chutou a placa de publicidade por não entrar?
Chegou aqui no jogo contra o Criciúma, no intervalo o Mauro falou que eu seria o primeiro jogador a entrar na partida. Sei que ele não tem obrigação nenhuma de me por no jogo, ele colocou aquilo que ele tinha o melhor para o time. Mas ele passou para o preparado físico que era para eu aquecer. Aqueci. Na última substituição me chamaram, fui correndo todo empolgado e chegou na hora não era eu, era outro atleta. E aí na adrenalina do jogo, querendo entrar, querendo ajudar o time - até porque dentro da partida o time não vinha vivendo um bom momento - aconteceu aquilo tudo. Mas logo no vestiário pedi desculpa para o próprio Mauro, que é uma boa pessoa, conversei com o elenco. No outro dia cheguei em Floripa e fui comunicado que ia treinar em separado e aí eu não aceitei. Nunca treinei separado em nenhum outro clube. Então não aceitei, não do jeito que foi.
O Carlito Arini, diretor de futebol do Avaí, falou “Vocês acham que foi só por isso que o Gilmar foi afastado?... Houve algum outro motivo Gilmar?
Não, não. Nenhum. É só falar com qualquer pessoa do Criciúma que eles vão passar quem eu sou. É só você ligar para qualquer pessoa dentro do clube que vão passar quem eu sou. Mas eu achei injusto por causa de uma atitude ali sem pensar na hora, de quere ajudar o clube. Hoje tem jogador do Avaí que me liga e fala que eu tinha que está lá no Avaí e que iria ajudar bastante. Mas isto é coisa do futebol.
Como é seu relacionamento com os jogadores Zé Carlos e Andrey?
Ótima. Quando eu cheguei aqui conversei com o Zé, conversei com o Andrey, conversei com o grupo. Fui conhecendo aos poucos. Tenho ótimo relacionamento com todos. Graças a Deus, sobre relacionamento, não tenho nem o que falar. Os dois, desde que eu cheguei, conversaram muito comigo. Eles me falavam como é o Criciúma, como é feito o trabalho. Sobre relacionamento não tenho que o falar não.
Um mês para o início da Série B. O que você espera desta preparação para o campeonato?
Fiz dois jogos como titular do Criciúma. Para mim foi bom já que vinha sem jogar a um tempo. Principalmente o gol que eu fiz neste jogo contra o Atlético [Paranaense]. Para muitos podem ter sido um simples gol, mas para mim representou muita coisa. Eu sofri muito durante este tempo. Queria poder jogar, poder ajudar. Fiquei um ano e meio sem receber salário. Então toda a dificuldade que um atleta poderia passar eu passei. Vou continuar sendo o Gilmar de sempre, trabalhando com muita força, com os pés no chão para chegar no brasileiro bem.
O Antenor Angeloni falou antes do jogo do Atlético que o objetivo do Criciúma é ficar na Série B. Você concorda com ele? Uma declaração dessas desanimou o time para os duelos contra o Atlético e Chapecoense?
Às vezes certos tipos de palavras podem abalar um jogador ou outro, mas eu mesmo não me abato. Serve até como incentivo. Eu acho que a mensagem que ele quis passar no momento era outra, mas foi colocada deste jeito, até pelo momento que o Criciúma estava passando. Se for para brigar para subir ou não é muito cedo. A competição ainda não começou. A minha intenção é brigar para subir até porque se fosse para brigar para não cair eu não vinha para o Criciúma. Iria para uma equipe de Série A. Tive propostas. Foi me apresentado um projeto de um time para brigar para subir para a Série A, meu intuito é esse. Não sou um jogador perdedor. Sou um jogador vencedor. De onde sai até chegar para me tornar um jogador profissional, foi tudo com sacrifico, com batalha. Então me considero um atleta vencedor. Eu vim aqui para vencer. A única oportunidade que nos resta é essa, então nos temos que entrar com esse pensamento.
E essa velocidade... Você sempre foi tão rápido? Contra o Atlético você saia atrás dos zagueiros e chegava à frente deles.
Sempre, sempre foi meu forte. Eu fiz muitos gols no Náutico assim. Lá eu tinha uma oportunidade muito grande. Em 2009, aqui mesmo em Criciúma, pela Copa do Brasil, aproveitei muito isso. Então meu estilo de jogo é esse. Lembrando ao torcedor que eu não estou 100% em ritmo de jogo. Estou 100% fisicamente, mas não em ritmo de jogo. Sei que o clube só tem a ganhar, os torcedores só tem a ganhar. No dia a dia vou procurar dar o meu máximo para chegar aos jogos bem e explorar minha velocidade.
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