Familiares e amigos lotaram o Cemitério Municipal de Criciúma, localizado no bairro São Luiz, durante toda sexta-feira para prestar as últimas homenagens a dona Iva. Emocionados, eles lembraram os bons momentos vividos ao lado dela. “Minha mãe era uma mulher trabalhadora. Tinha a floricultura, estava disposta a atender os clientes 24 horas. Na parte social, ela também sempre ajudou os andarilhos, bêbados e pessoas carentes. Foi uma fatalidade o que aconteceu”, sublinha um dos três filhos da vítima, o pastor Fernando Machado, de 35 anos.
“Nosso sentimento é um pouco de revolta por causa do que aconteceu, mas a gente acredita na força que vai além, através da evangelização. Tenho certeza que ela está no céu, e isso nos conforta”, enfatiza o filho. Ainda segundo ele, a mãe era muito sensitiva e, por isso, já imaginava que iria morrer. “Minha mãe era usada por Deus. O Espírito Santo trazia revelações ao coração dela sobre muitas coisas. Acredito que ela já estivesse sentindo que iria morrer. Ela não estava se sentindo bem há uns 20 ou 30 dias”, enfatiza.
Um dia antes do crime ela desmarcou a participação em um programa de rádio, que estava marcado para sexta-feira, sob o argumento de que não poderia estar presente. “Na terça-feira viajamos juntos para Porto Alegre, onde fomos comprar flores, e ela comentou que queria deixar todas as contas pagas antes de morrer. Agora que ela partiu, vamos honrar com esse compromisso”, completa.
Dona Iva Justino Marcolino sempre se preocupou com o próximo. Porém, nunca poderia imaginar que uma pessoa que amparou com tanto amor e carinho se voltaria um dia contra ela. Aos 71 anos, ela foi brutalmente morta durante o assalto. O principal suspeito, no momento, de acordo com o delegado André Milanese, é um andarilho. O possível assassino recebeu muita ajuda da vítima, que chegou a ceder, inclusive, uma casa para ele morar. O envolvimento dele no crime ganha força, pois ele não retornou para a residência. “Coincidentemente, desde ontem (quinta-feira) o andarilho sumiu”, destaca a autoridade policial.
O fato de não haver sinal de arrombamento na floricultura, empreendimento de propriedade da vítima, localizado na Rua Marechal Deodoro, no Centro de Criciúma, aumenta as chances de o autor ser um conhecido de dona Iva. “Não houve arrombamento, o que leva a crer que a vítima permitiu que a pessoa entrasse. Ela ajudava bastante as pessoas carentes, é possível que alguém tenha se aproveitado dessa situação para roubá-la e matá-la”, comenta Milanese.
“Ela amou o inimigo e acabou sendo morta cruelmente aos 71 anos”, avalia o pastor da Igreja Betel Renovada, Alex Sandro Fernandes Carvalho. “Ela ajudou muito, deu casa e comida a ele. Ele já estava morando com outros andarilhos”, fala ele sobre o principal suspeito. A Polícia Civil está à procura de imagens de câmeras de segurança que possam auxiliar nas investigações. “Queremos analisar a movimentação na hora do crime e se o suspeito passou no local naquele momento”, ressalta o delegado.
A senhora foi morta a machadadas na cabeça. A Polícia Civil também acredita que ela tenha entrado em luta corporal com o assassino, já que marcas de agressão foram encontradas no corpo pelo Instituto Médico Legal (IML). Foi o primeiro latrocínio de Criciúma no ano. Familiares acreditam que o crime tenha acontecido por volta das 18h15min de quinta-feira. O filho explica que a funcionária deixou a floricultura nesse horário. “O assassino deve ter entrado quando ela (a funcionária) saiu”, estima Machado.
Por volta das 19 horas, o bandido já não estaria mais no local do crime. Nesse horário, um jovem teria ido buscar uma chave com a Dona Iva, que não atendeu aos chamados. “Quando saímos do culto, por volta das 22 horas, fomos visitar ela. Minhas filhas entraram na frente e a encontraram”, lembra o filho.
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