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Assassino confirma crime contra florista

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“Se eu não tivesse atacado, ela teria saído, e eu teria sido preso”. Esta foi a justificativa de L.T.A., de 31 anos, por ter matado a florista Iva Justino Marcolino, de 71 anos, na noite do dia 13 de setembro. Na audiência realizada na tarde dessa sexta-feira, com duração de uma hora e 20 minutos, ele confessou novamente a prática do latrocínio. Após a juíza da 2ª Vara Criminal, Débora Driwn Rieger Zanini, ler a denúncia, o réu afirmou: “foi o que aconteceu”. “Você confessa ter praticado o crime?”, questionou ela. “Confesso”, respondeu.

O depoimento de L. durou pouco mais de 10 minutos. Sem demonstrar nenhum sentimento, ele contou em detalhes o que aconteceu no dia do crime. Ele confirmou que foi à floricultura atrás de dinheiro. Enquanto dona Iva separava o pão para que o latrocida pudesse se alimentar, ele foi até o quarto e pegou a bolsa que estava em cima da cama. “Eu tinha usado crack e queria comprar mais”, sublinhou.

Mas diante do fato, a senhora correu em direção da porta clamando por socorro. Ele, com medo, pegou a machadinha que estava na cozinha e desferiu os golpes. “Ela correu para pedir socorro, tinha um segurança no lado de fora. Pensei que ele iria entrar ali”, comentou. “Por que você a golpeou, se até pão ela iria te dar?”, perguntou a juíza. “Porque eu estava sob o efeito da droga”, informou.

Em alguns momentos, L. apresentou falta de coerência no relato. No início, o réu afirmou que foi até o empreendimento em busca de dinheiro. Depois disse que não levou dinheiro, pois não tinha na bolsa. Ele deixou o empreendimento, levando apenas o celular e as chaves, que foram abandonados em um posto de combustível.

A quantia usada para pagar o táxi durante a fuga, que o levou até Guatá, segundo revelou, pertencia a ele. “O dinheiro eu já tinha, pode ver no extrato do banco. Peguei só o celular”, citou. Por fim destacou que queria mais dinheiro, pois iria emprestar o que tinha. Nos autos do processo consta que ele teria roubado R$ 300, referente ao lucro do dia.

A promotora Rosângela Zanette questionou-lhe sobre as lesões no corpo da vítima, além dos sinais de agressões por causa das machadadas na cabeça. Mas ele enalteceu que apenas a golpeou na cabeça. O acusado também respondeu sobre o latrocínio que teria sido cometido por ele em Torres (RS) no dia 6 de janeiro. A representante do Ministério Público solicitou a cópia do processo criminal de Torres e dos antecedentes do réu.

A defesa, representada pelo advogado Jeferson Luz, parte do princípio de que L. não estava no juízo perfeito em decorrência do uso de drogas. Por isso, foi solicitado o exame toxicológico, que vai comprovar a sanidade ou insanidade do réu. A análise, segundo o defensor, deve ser feita na próxima semana. A juíza impetrou também preferência na elaboração do laudo e espera que ele esteja concluído em 20 dias.

“O Código Penal trata sobre a imputabilidade. Se for comprovado que ele não tinha discernimento do que estava fazendo, pode ser solicitado que a pena seja cumprida em um hospital de custódia”, salientou Luz. “Se for comprovado que ele tem transtornos, o presídio não é o local indicado para ele cumprir a pena”, ponderou a juíza.

Em todos os depoimentos as testemunhas foram questionadas sobre o estado emocional do réu. “Tranquilo”, “Não parecia alterado”, “estava indiferente”, “não demonstrou nenhum tipo de sentimento”, foram algumas das respostas. Com a chegada do laudo, o processo será remetido ao Ministério Público, que terá cinco dias para se manifestar, e posteriormente a defesa, que terá o mesmo período para fazer as argumentações.

Nas alegações finais, o advogado antecipou também que pretende requerer a desqualificação do crime. “Como ele afirmou na audiência que não levou dinheiro, vou pedir para que ele passe a responder por homicídio e não latrocínio”, complementou. Em relação ao fato dele ter levado o celular, o advogado pode alegar que L. o fez sem intuito algum. Se for mantido o crime de latrocínio e o processo andar como a juíza espera, a sentença deve ser anunciada ainda neste ano. L. foi preso no dia 19 de setembro pela Polícia Militar de Sangão. Ele foi abordado enquanto andava as margens da BR-101.

Além do réu, outras seis pessoas prestaram esclarecimentos. Entre eles estavam três policiais civis, a funcionária da floricultura, um andarilho que conviveu com o acusado no ambiente cedido pela vítima, e o filho da empresária, este último prestou depoimento na condição de informante. Os três primeiros foram ouvidos na presença de L. Mas os três últimos pediram para que o latrocida, que foi o último a ser ouvido, não estivesse presente. A sétima testemunha não compareceu. O relato do filho da comerciante, Fernando Machado, foi o mais emocionante, na visão da própria juíza. “Ele contou a saga da vítima para ajudar os andarilhos. Ele deixou transparecer o sentimento de ingratidão”, observou.

Durante a fala, Machado contou que chegou a comprar remédios para L., quando foi diagnosticado pneumonia. “Ajudamos de todas as formas possíveis e impossíveis”, lembrou, acrescentando que o latrocida permaneceu em convívio com a família por 15 a 20 dias. No dia que a florista foi morta, de acordo com ele, o acusado trabalhou para a família fazendo a remoção de madeiras de uma sala até às 16h30min. Quando terminou, “ele foi até a igreja e me desejou a paz do Senhor Jesus”, enfatizou Machado. Uma hora depois ele teria deixado o local. Durante a tarde, ele permaneceu com o outro andarilho auxiliado pela vítima.

A última pessoa a ver L. teria sido a funcionária da loja, que ao sair às 18h15min teria encontrado com ele na rua, nas proximidades do empreendimento. Acredita-se que o crime tenha sido praticado em torno de 20 a 30 minutos, pois por volta das 18h50min um rapaz da igreja chamou dona Iva na floricultura, mas ela não atendeu. O corpo só foi encontrado depois das 22 horas. As netas de Machado foram as primeiras a entrar e localizar o corpo da avó no chão da sala. “No começo não pensei que fosse um assassinato”, recordou. Após a constatação do crime, diversos fatores levaram a crer que teria sido praticado por L., entre eles o fato de ele não ter ido à igreja naquele dia e nem voltado à casa.


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