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Cotidiano

Um bom lugar para viver a terceira idade

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“A pior infelicidade da vida é a debilidade mental”. Foi com essa frase que dona Lídia Fernandes, de 74 anos, portadora de Alzheimer, iniciou a conversa quando questionada sobre como é viver em uma casa de repouso. Ela lembra com muita clareza da infância, dos pais, do único filho e do neto. Lembra também que se casou pela segunda vez, do filho já crescido, mas que ficou viúva pouco tempo depois. “Mas não lembro como ele morreu. Eu queria, mas minha cabeça não ajuda mais”, diz.

Dona Lídia é uma das 13 mulheres, entre 63 e 99 anos, que vive na Casa de Repouso Tia Lúcia, em Içara. Algumas, por livre e espontânea vontade, outras porque não têm opção. “Ninguém gosta de estar fora da família. Quem diz isso é mentira. Mas eu acredito que quando nascemos, já estamos predestinados. Então acho que essa é a minha realidade e eu tenho que aceitar. Aqui me sinto bem. Me sinto amada e feliz. A comida é sempre uma delícia. É tudo muito limpo e há paz e tranquilidade. Não tenho do que me queixar. Me sinto em casa”, relata.

E é exatamente assim que Lúcia Rech, a proprietária da Casa, quer que suas meninas se sintam. Trabalhando há mais de 22 anos cuidando de idosos, ela conta que é preciso muito amor e dedicação. “Não é simplesmente cuidar de idosos. É cuidar de pessoas com temperamentos completamente diferentes, com uma idade já avançada e, em alguns casos, com alguma doença, como o Alzheimer e a deficiência visual. Elas precisam se sentir bem, precisam estar bem. Por isso temos uma equipe preparada que cuida de todas com muito carinho. Algumas são tinhosas, mas com jeitinho, a gente sempre consegue lidar”, garante.

Para dona Otávia Zanoni Gomes, de 79 anos, não há lugar melhor. Há nove anos ela decidiu que iria morar ali e teve o apoio dos filhos. “No começo eles ficaram meio em dúvida, mas a vontade foi minha. Eu quis. Sou viúva há muitos anos e sei que agora os meus filhos precisam viver a vida deles. E aqui eu tenho sombra e água fresca. Como do melhor, não preciso me incomodar arrumando a casa porque fazem por mim, descanso, passeio, durmo. Quem não quer uma vida dessas?”, diverte-se.

Dos filhos, ela diz nem dar tempo de sentir falta, já que mantém contato direto. “No domingo mesmo eu fui almoçar na casa do meu filho. Eu tenho quatro e todos são muito presentes. Ninguém me obrigou a vir pra cá, vim porque quis, e acho que isso é o que me deixa feliz. Não me sinto triste por não estar em casa”, afirma. “Eu gosto muito de ir ver meus filhos, meus netos. Mas quando vejo que já está anoitecendo, quero voltar. Porque é aqui que eu quero ficar até o dia que Deus me levar. Antes de eu vir para cá, levei um tombo e machuquei a cabeça. Então pensei que ficar em casa sozinha já não era bom, porque os filhos precisam trabalhar. E foi a melhor coisa que eu fiz. Todos aqui são uns anjos”, coloca Santina, de 88 anos.

A equipe cuidadora é formada por uma enfermeira, quatro técnicas de enfermagem uma cozinheira, uma fisioterapeuta, uma nutricionista e um psicólogo. “Além disso, nós temos diversas atividades que são realizadas. E também, com a ajuda de apoiadores, nós fazemos alguns encontros fora. Vamos a restaurantes, passeios, etc. Temos também semanalmente o momento religioso com uma igreja diferente. Em todas as datas comemorativas, como páscoa, festa junina, carnaval, natal, nós fazemos uma festa. É muito bacana, procuramos sempre atividades diferentes para elas”, coloca a proprietária da Casa.