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Cotidiano

Um dia para debater o preconceito

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O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, conforme a historiadora Thalyta Zuchinalli, foi instituído no Brasil em 10 de novembro de 2011 como homenagem a Zumbi dos Palmares, morto em 1695, símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil, bem como da luta por direitos da etnia. “Esse dia é necessário para desconstruir toda uma história traçada por ideais brancos e universais de sociedade e de civilização, mais que isso, é importante para que a maioria das pessoas se perguntem o porquê de precisarmos de uma data oficial de consciência negra”, explica a profissional.

Abolida há pouco mais de 100 anos, a escravidão e seus desdobramentos que se perpetuam, sobretudo pela cor da pele. “Nessa data refletimos sobre as constantes denúncias de racismo dos mais humildes aos mais bem sucedidos. É refletir porque a maioria dos jovens mortos são negros, é refletir porque a maioria dos negros não ocupam majoritariamente os espaços sociais, como universidades e determinados lugares no mercado de trabalho, é refletir sobre esse paradoxo em uma sociedade onde a maioria é negra”, expõe Thalyta.

“Esse dia é necessário para dar visibilidade a essas populações que por muito tempo foram invisíveis. Esse dia é importante para que possamos pensar em uma sociedade repleta de diferentes representações e identificações e para rompermos com essa tradição de se pensar a sociedade brasileira como uma sociedade cordial, mas como uma sociedade marcada pela diferença, diferença qualitativa, que constrói a nação e que merece espaço, pois nesse lugar de diferença existem pessoas e que só por esse fato merecem oportunidade, respeito e reconhecimento”, completa.

No ano de 2014 a imprensa noticiou casos de racismo, como o da torcedora de um time de futebol que ofendeu um goleiro do time adversário. O preconceito, muitas vezes velado, também já foi sentido pela jornalista Cristine Rodrigues. “Eu sei que mesmo acobertado, existe o preconceito sim. Mas graças a Deus eu sempre consegui trabalhar isso bem na minha cabeça”, pontua a jovem. Um dos casos pelos quais a jornalista passou e que a marcou, ocorreu no período da infância.

“Nas aulas de educação física ensaiávamos a quadrilha pra festa junina e a professora escolhia as duplas. Fomos eu e um menino que se recusou segurar na minha mão por causa da minha cor. Na época foi tudo resolvido, mas me marcou muito”, lembra. O outro momento ocorreu em um shopping. “Uma mulher se recusou a sentar no banco onde eu estava depois que levantei, ela viu que eu não ia deixar passar batido e sumiu em segundos. Fiquei pasma com tamanha ignorância”, lamenta.

Em relação a medida do Governo Federal que destina um percentual de vagas para negros em universidades, Cristine, que já foi mais crítica, acredita que devido a história e cultura, os negros em alguns aspectos ficaram pra atrás, e a educação é um deles. “Fico pensando que se eu que a vida inteira estudei em colégio particular, me visto bem, moro em casa boa, padrões bons pra sociedade que adora julgar, imagina quem não tem/teve isso, deve sofrer de mais com as ofensas e faltas de oportunidade”, questiona. Para ela, as cotas deveriam ser mantidas por dez anos ou até a situação se igualar.

“Me sinto vitoriosa e sortuda por tudo que tenho, consegui me formar pagando, trabalhando, inclusive eu era radical quanto a cotas, esqueci que muita gente julga pela cor, mas, tenho fé! E prefiro acreditar que os preconceituosos são minoria”, sublinha. “Acredito que o dia/semana/mês da consciência negra serve para todos pensarem sobre, inclusive os negros, somos humanos e iguais primeiro. Cor é detalhe, é como a cor dos olhos, nada muda”, finaliza.