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Economia

Lagartas podem provocar emergência

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Dos 50 hectares utilizados por José Hercílio Serafim para o plantio de feijão, pelo menos oito deles já foram consumidos por lagartas. Isto significa um prejuízo direto de R$ 16 mil apenas no cultivo perdido até agora. Ou seja, nesta conta não entra o faturamento frustrado. A propriedade em Urussanga Velha II serve apenas como exemplo. Afinal, o problema se alastra não apenas em Içara. O resultado deverá chegar ao consumidor com a elevação do preço nos supermercados.



“É a primeira vez que vejo uma situação como esta. Já utilizei tudo o que foi recomendado. Nada adiantou. Vou abandonar a lavoura perdida e cuidar do que ainda restou”, coloca o agricultor de 58 anos. “A situação saiu do controle na última semana. Além da plantação de feijão, as lagartas se espalharam também pela vegetação no entorno. Comeram até pé de espinho. É preciso que as autoridades tomem alguma providência”, pede.

“É algo que eu ainda não tinha visto antes como agrônomo. São tipos de lagartas que até então também não tínhamos contato. Não temos como afirmar a espécie. Parece que tem mais de um tipo. Coletamos material para encaminhar aos laboratórios", coloca o agrônomo da Companhia Integrada Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina, Elzio Tadeu Peruchi.

“Infestações sempre ocorreram. Mas não neste patamar e nível em que estamos vendo. É uma situação inigualável”, enaltece também o agrônomo da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina em Içara, Luiz Fernando Búrigo Coan. “Essa lavoura não tem mais recuperação. Mas como as lagartas estão indo em direção da mata, é uma situação alarmante”, complementa. Com a previsão de dias quentes ainda pela frente, ele ressalta que a tendência é para o agravamento do problema nos próximos dias.

A possibilidade de plantações serem abandonadas também é um fator de risco devido ao descontrole na proliferação. A reprodução ocorre em ciclos de oito dias. “Cada mariposa pode colocar mais de mil ovos”, relata Elzio. Com o ataque em diferentes plantas, há dúvida também se poderá afetar a produção de fumo. Por ora, estão salvas apenas as plantações de milho transgênico. O questionamento é até quando.

Uma das preocupações é com a possibilidade da infestação também ter a Helicoverpa armigera. Santa Catarina está inclusive em alerta fitossanitário. A espécie já foi detectada em Nova Veneza, contudo, ainda dentro do controle. No final do último ano, Goiás e Mato Grosso chegaram a decretar situação de emergência fitossanitária por causa do ataque no algodão. Este tipo de lagarta ataca pelo menos 60 tipos de plantas cultivadas e 67 silvestres. Entre elas, está o milho, soja, feijão, tomate e o fumo. A mariposa chega a voar até 1000km, se adapta a diferentes ambientes, não é identificável apenas de forma visual, além disso, resiste a inseticidas.

Na Bahia, a solução encontrada foi o controle biológico com o HZNTV. O vírus importado da Austrália e dos Estados Unidos deixa a lagarta comer menos até morrer. A Helicoverpa já foi encontrada também no Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Maranhão, Piauí e Roraima. Em Santa Catarina, o alerta da Cidasc virou um informativo para distribuição no campo. Em caso de suspeita, a sugestão é chamar a Companhia para verificação.

“O ataque das lagartas está também nas pastagens. Vamos sentar amanhã com todos os técnicos da secretaria, Epagri, Cidasc e o prefeito para tratar a possibilidade de decretarmos também emergência. Assim poderemos adquirir produtos importados que já deram certo em alguns estados atingidos.”, coloca o secretário municipal de agricultura de Içara, Silvio João Viana. “Nessa safra foi reduzido um pouco o plantio de feijão em Içara por causa do tempo. Temos cerca de 2,5 mil hectares cultivados. No entanto, ainda não há um estudo do tamanho do impacto. Mas certamente este é um problema regional”, coloca o gerente de Desenvolvimento Regional da Agricultura e Pesca, Jair D´Estéfani.

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Lucas Lemos
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