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Cotidiano

Opinião: Alzheimer, epidemia anunciada

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O governo dos Estados Unidos da América está preocupado com a doença de Alzheimer. De acordo com o relatório anual da Alzheimer´s Association, a cada 66 segundos um americano irá desenvolver a doença neste ano. E até 2050, esse número deverá dobrar, um doente a cada 33 segundos. E essa tendência deve ser repetida em todo o mundo. Em 2016, o World Alzheimer´s Report estimou que 47 milhões de pessoas em todo o mundo tinham demência.

Um novo relatório da Alzheimer´s Disease International traz o estudo de pesquisadores do King´s College London e da London School of Economics and Political Science (LSE) que revela que a maioria das pessoas com demência ainda não recebeu um diagnóstico e muito menos cuidados de saúde abrangentes e contínuos. Noventa por cento das pessoas com demência estão em países de baixa e média renda. Mas metade das pessoas com demência em países de alta renda ainda não foram diagnosticadas.

Estima-se que o número de pessoas diagnosticadas deverá triplicar até 2050. E o pior, enquanto que nos últimos 15 anos as mortes por doença cardíaca, o assassino número 1 dos americanos, diminuíram 14%, as mortes por HIV diminuíram em 54%, as mortes por acidente vascular cerebral em 21% e as mortes por câncer de próstata em 9%. Em suma, as mortes causadas pelas principais doenças estão diminuindo, exceto as mortes causadas pela doença de Alzheimer que tiveram um aumento de 89%.

Aquelas doenças diminuíram graças a muitos investimentos em pesquisas que produziram tratamentos ou mesmo a cura. O problema principal do Alzheimer é o financiamento. Há muitos estudos sobre a doença, especialmente estudos genéticos, mas não há fundos suficientes para criar tratamentos. O custo para a sociedade é crescente. Em 2017, os custos totais para cuidar dos que vivem com doença de Alzheimer e outras demências atingiram US$ 259 bilhões.

Para os Planos de Saúde, o Alzheimer já consome um em de cada cinco dólares do Medicare / Medicaid. Para a próxima década, estima-se que será um em cada três, ou seja, com esses custos, a doença de Alzheimer colapsará o Medicare / Medicaid. A doença ainda afetará a força de trabalho e a economia. Cada família afetada terá que cuidar dos doentes em casa, além de se ausentar no trabalho para levar os doentes ao médico. E há ainda o custo oculto dos cuidados não remunerados, em 2016, estima-se em 18,2 bilhões de horas de assistência não paga, uma contribuição para a nação avaliada em US$ 230 bilhões.

A doença de Alzheimer é uma epidemia e o sistema de saúde não está preparado para apoiar os cuidadores. O custo da doença é uma realidade que logo afetará todos, dizem os especialistas. Muitos pensam que o Alzheimer não os afeta por não ser velho ou por não ter um doente na família, julga não ser seu problema. Porém é certo que se você tem cérebro, corre risco da doença. E com expectativa de viver até os 85 anos, quase metade terá a doença e a outra metade será cuidadora. Ninguém está imune.

*Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.